O senador Flávio Bolsonaro, filho do Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, disse esta quinta-feira, numa entrevista, que será impossível controlar reações dos apoiantes do Governo na hipótese de um resultado desfavorável nas eleições presidenciais.

Ao ser questionado pelo jornal O Estado de S.Paulo sobre qual será a posição do Presidente na hipótese de uma derrota em deter um levantamento contra o resultado das eleições, o senador respondeu: “Como a gente tem controlo sobre isso?”.

No meu ponto de vista, o [Donald] Trump não tinha ingerência, não mandou ninguém para lá [invadir o Capitólio]. As pessoas acompanharam os problemas no sistema eleitoral americano, se indignaram e fizeram o que fizeram. Não teve um comando do Presidente e isso jamais vai acontecer por parte do Presidente Bolsonaro. Ele se desgasta. Por isso, desde agora, ele insiste para que as eleições ocorram sem o manto da desconfiança”, acrescentou.

Atualmente as sondagens divulgadas no país dão a vitória ao ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, que aparece à frente de Bolsonaro.

À pergunta se o Presidente Bolsonaro, que reiteradamente coloca o sistema de votação eletrónica adotado no país desde 1996 em causa, aceitará uma eventual derrota, o filho do chefe de Estado não respondeu nem que sim, nem que não.

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“O Presidente [Bolsonaro] pede uma eleição segura e transparente, era o que o TSE [Tribunal Superior Eleitoral] deveria fazer por obrigação. Por que não atende às sugestões feitas pelo Exército se eles apontaram que existem vulnerabilidades e deram soluções?”, questionou Flávio Bolsonaro.

Na semana passada, o TSE abriu um prazo de 15 dias para que a Polícia Federal e as Forças Armadas se inscrevam para participar do processo de fiscalização das urnas eletrónicas, atendendo um pedido dos mesmos.

Os dois órgãos de Estado tem atuado de modo a corroborar as alegações do Presidente brasileiro que insistem em colocar em causa a segurança das urnas eletrónicas sem, no entanto, apontar publicamente indícios que sustentem estas suspeitas de que a votação pode ser ou já foi defraudada.

Na entrevista, o senador reforçou que as Forças Armadas apontaram vulnerabilidades no sistema de votação e acrescentou que se “o TSE não supre, não resolve esses problemas, é natural que essas pessoas, talvez via comandante do Exército, via ministro da Defesa, tenham que em algum momento se posicionar.”

“Para que chegar a este ponto? Essa resistência do TSE em fazer o processo mais seguro e transparente obviamente vai trazer uma instabilidade. E a gente não tem controlo sobre isso. Uma parte considerável da opinião pública não acredita no sistema de urnas eletrónicas”, considerou Flávio Bolsonaro.