Os militares da GNR que desde março patrulhamento diariamente a costa da Sardenha têm como principal missão a busca e salvamento de migrantes que chegam da Argélia e Tunísia, em embarcações “muito frágeis”, com o sonho da Europa.

A bordo da lancha de patrulhamento costeiro Bojador, os 20 militares da Unidade de Controlo Costeira da Guarda Nacional Republicana estão em Sant’Antioco, na Sardenha, no âmbito de uma missão da agência europeia de fronteira e costeira Frontex, que tem como principais funções controlar os fluxos de migração e impedir a criminalidade transfronteiriça.

Esta operação da Frontex, denominada Themis, tem vários objetivos, como apreensão de droga e armas, combate à pesca ilegal e poluição marítima, mas é na busca e salvamento de migrantes que procuram a Europa “em busca de melhores condições de vida e de segurança” que o contingente português concentra as suas forças.

“Damos destaque à busca e salvamento. É a missão específica onde temos empregado mais esforço e a situação mais recorrente”, disse aos jornalista a comandante da força da GNR na Sardenha, Cátia Tomás.

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A responsável avançou que os imigrantes que chegam a esta costa da Sardenha são oriundos da Argélia e Turquia, maioritariamente homens, e “todos eles têm em comum a busca e procura de melhores condições de vida e mais segurança”.

Desde março que a lancha Bojador e os militares da GNR estiveram envolvidos em sete incidentes de busca e salvamento, tendo resgatado até ao momento 45 migrantes e apreendido cinco embarcações.

Cátia Tomás contou que estes migrantes chegam em embarcações pequenas de madeira “sem condições de segurança e muito artesanais”.

Por vezes ao colocar-se a mão as embarcações partem ou estalam, são muito frágeis para fazer face a tudo aquilo que têm de vencer. São feitas sem grande conhecimento e que lhes permite apenas fazer uma travessia de um dia ou algumas horas”, disse, referindo que estes imigrantes fazem, em média, cerca de 200 quilómetros para conseguir chegar a Itália.

A tripulação do Bojador está dividida em duas equipas e os militares operam sete dias por semana num patrulhamento que dura entre 10 a 12 horas, mas pode chegar às 20 horas diárias quando há situações de resgates de migrantes.

A comandante da missão explicou que um oficial de ligação italiano vai sempre a bordo da lancha para fazer a coordenação com as autoridades italianas.

“Quando é detetado um alvo ou possível alvo de imigrantes, os militares da GNR verificam, em primeiro lugar, as condições de segurança dos imigrantes, se existe alguém na água ou se necessita de socorro imediato. Após verificar todas estas condições iniciamos o resgate para a embarcação Bojador”, explicou.

Cátia Tomás disse também que geralmente os migrantes detetados são transportados para o porto onde a lancha da GNR está atracada e, neste local, são prestados todos os apoios e reencaminhados para os ‘hotspots’ (pontos de registo).

Os militares da GNR recebem informações da existência de embarcações com migrantes a bordo através do centro de coordenação, de outros meios da Frontex, como aéreos, e dos sistemas da Guarda que o ´Bojador possui, como câmara de visão térmica, radares ou binóculos, bem como comunicação de uma embarcação de pesca.

Segundo a GNR, o fluxo de migração irregular proveniente do Mediterrâneo Central está a aumentar desde 2019 e até junho deste ano já subiu 30% face ao mesmo período do ano passado.

A missão dos militares da Unidade de Controlo Costeiro da GNR, que receberam a visita do ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, e do comandante-geral da corporação, Rui Clero, termina em 13 de julho.