As equipas eram quase as mesmas, o favoritismo teórico também não mudava assim tanto. Após a edição inicial do Europeu de futsal feminino em 2019, que terminou com a vitória da Espanha frente a Portugal por 4-0 num jogo marcado pelos três golos nos dez minutos iniciais, Gondomar voltava a receber a Final Four do segundo capítulo da prova. O que mudava? Os adversários das formações ibéricas nas meias. E se em 2019 a Seleção tinha batido a Ucrânia antes do jogo decisivo, teria agora pela frente a Hungria, conjunto que foi repescado para esta fase depois da eliminação da Rússia (que em 2019 perdeu com a Espanha nas meias) em virtude dos castigos aplicados após a invasão do país à Ucrânia em fevereiro.

Portugal perde final com Espanha e fica como vice-campeão europeu de futsal feminino

“Vamos ter de estar preparados para um adversário que vai defender mais baixo e a dar a iniciativa. Vamos ter muito mais bola e precisamos de paciência para irmos construindo situações de finalização e fazendo golos. O jogo será muito isto: nós a atacar, elas a defenderem e a tentarem uma ou outra saída em transição. Os momentos serão muito esses mas estaremos preparados. É um momento muito importante para elas, já que é muito difícil chegarem cá. A Hungria vai querer dar o melhor e complicar-nos a vida”, tinha referido na antevisão o selecionador Luís Conceição, colocando Portugal como natural favorito ao triunfos diante das magiares sem deixar de considerar a Espanha como favorita a revalidar o título.

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Da parte da Hungria, o grande objetivo era… fazer o melhor possível. E as próprias condicionantes da chegada a esta fase explicavam essa maneira de encarar o encontro. “Há dois meses nem sabíamos que íamos participar… As nossas jogadoras são amadoras, tiveram de pedir licença dos seus empregos para poderem participar. Portugal é favorito mas vamos tentar fazer com que tenham de suar”, destacara o técnico húngaro Tamás Frank sobre uma equipa que nunca jogara perante tantos espectadores como acontecia em Gondomar, com casa cheia para os dois dias de competição com cerca de 2.500 pessoas.

As diferenças entre os dois conjuntos não foram mesmo disfarçadas, com Portugal a golear uma frágil Hungria tal como tinha acontecido na preparação para a anterior Final Four do Europeu (6-0 e 9-0, em Gondomar também) e garantir nova presença no encontro decisivo da prova, onde voltará a encontrar a Espanha que também goleou a Ucrânia por 9-0 e com golos de oito jogadoras de campo diferentes.

Num jogo de sentido único em que Ana Catarina passou toda a primeira parte sem fazer uma defesa (ao intervalo havia uma diferença de 44-3 nos remates, o que fez com que Odete Rocha entrasse na segunda parte), Portugal foi tentando e muito o golo inaugural sobretudo com Carla Vanessa como principal ponto de referência em termos ofensivos mas a guarda-redes Lilla Torma foi tendo uma noite de sonho travando todos os tiros de fora ou na área das magiares. Assim, foi preciso esperar até aos 12′ para se festejar o golo inaugural da partida, com Pisko a aproveitar uma segunda bola após combinação entre Cátia Morgado e Cátia Vanessa para fazer de pé esquerdo o 1-0 que estabilizou a exibição da Seleção Nacional.

A Hungria não quebrou em termos anímicos apesar da desvantagem mas Portugal foi mostrando menos ansiedade na procura da baliza adversária, aumentando depois o avanço no marcador em dois lances de estratégia que se seguiram a um desconto de tempo pedido por Luís Conceição: Carolina Pedreira, num remate de primeira após canto de Cátia Morgado, fez o 2-0 (17′) e Fifó, no seguimento de uma reposição lateral no lado direito, atirou forte de meia distância para fixar o 3-0 registado ao intervalo (18′).

Como seria de esperar, as características da partida iriam manter-se no segundo tempo, que teve no início o 4-0 num autogolo de Folk depois de mais uma grande jogada entre Cátia Morgado e Cátia Vanessa (23′). A equipa magiar conseguiu ainda atirar uma bola ao poste na melhor saída rápida que teve por Nóra Tóth mas Lilla Torma continuou a ser a protagonista da equipa, evitando mais uma série de golos com ajuda também dos ferros nessa missão. Cátia Morgado, num remate de meia distância ainda desviado numa defesa contrária (35′), e Maria Lopes Pereira, a culminar mais uma grande jogada coletiva (37′), fecharam as contas da goleada de Portugal na estreia na Final Four entre um total de 85 remates.