Quando ganhou o contrarrelógio em Scherpenheuvel-Zichem na terceira etapa da Volta à Bélgica, escreveu-se que poderia ser um aviso para o Tour. Quando foi segundo no contrarrelógio dos Nacionais da Bélgica (com quase 35 quilómetros e não menos de 12 como uma semana antes), voltou a escrever-se que poderia ser um aviso para o Tour. Quando chegámos ao Tour, ninguém escreveu nada. E de uma forma percetível, perante os nomes de peso que estavam na capital da Dinamarca para começar a Volta a França com a camisola amarela. No entanto, e por linhas tortas, escreveu-se direito esse mesmo nome: Yves Lampaert.

Contador elogia Rúben Guerreiro na antecâmara do Tour: “A montanha é o seu território e pode conseguir algum grande resultado nessas etapas”

Depois de Wout van Aert parecer ter o triunfo assegurado, após bater a concorrência direta que estava mais centrada à partida em Filippo Ganna e Mathieu van der Poel, o também belga da Quick-Step aproveitou as tréguas da chuva em Copenhaga para fazer um tempo de 15.17, cinco segundos mais rápido do que o corredor da Jumbo-Visma. Assim se escrevia uma história diferente daquela que aparentava estar fechada, após uma aposta quase total nos mais rápidos em entrar no contrarrelógio na primeira hora e meia.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Aos 31 anos, o belga conseguiu aquela que foi a sua principal vitória na carreira, entre passagens anteriores modestas pelas Grandes Voltas (113.º e 136.º na Vuelta em 2016 e 2017, 80.º e 133.º no Tour em 2018 e 2019) e dois triunfos consecutivos na semi-clássica da Dwars door Vlaanderen (2017 e 2018) e um terceiro lugar na Paris-Roubaix (2019). Também por isso, Lampaert não aguentou as lágrimas no pódio. Entre os dois portugueses, Nelson Oliveira foi 52.º a 51 segundos e Rúben Guerreiro acabou em 147.º a 1.38 minutos. Frederik Frison, da Lotto Soudal, foi o 176.º e último com uma distância de 2.41 minutos.

Entre os principais favoritos, Tadej Pogacar deu uma primeira demonstração de força ao terminar com o terceiro melhor registo, a sete segundos de Lampaert e a dois de Wout van Aert. No entanto, a vantagem que ganhou não foi substancial: Jonas Vingegaard ficou a oito segundos do esloveno, Primoz Roglic chegou nove segundos depois do compatriota e os britânicos Adam Yates e Geraint Thomas perderam menos de 20 segundos para o bicampeão de um Tour que está até domingo na Dinamarca, com duas etapas para rolar e com prováveis chegadas ao sprint que favorecem a “defesa” de Lampaert.