Os pozinhos de perlimpimpim que o ator Diogo Amaral revelou na rodagem de “Pôr do Sol” ao Observador em maio ainda não se evaporaram. Quem diz pozinhos, diz bom ambiente. Não é só nos episódios que o rodízio cómico enche a barriga, num projeto que se tornou num dos fenómenos da televisão portuguesa. Esta quinta-feira, o elenco da família latifundiária do Ribatejo reuniu-se novamente para apresentar o primeiro episódio da segunda temporada, que se estreia a 8 de agosto às 21h00 na RTP1.

E, de facto, este bom ambiente, que não é mais do que um regresso de férias — em pleno descanso de verão para muita gente — continua todo lá. Falamos de uma série que correu o mar das redes sociais, chegou à Netflix e continua a somar audiência na RTP Play. E de um género cómico que descodifica, brinca e baralha a telenovela, um objeto precioso na nossa televisão, que Henrique Dias, Manuel Pureza, Rui Melo e Andreia Esteves acharam por bem satirizar.

Atores, autores, realizador e equipa técnica estiveram no Jardim 9 de Abril em Lisboa, não para rever o Colar de São Cajó, peça de joalharia que está há 3.500 anos na família Bourbon de Linhaça, mas para assistir ao primeiro episódio da nova época. Manuel Pureza, “menos nervoso do que na apresentação da primeira temporada”, mas ainda assim, ainda assim, trazia um tijolo na mão. E esse tijolo, soube-se no fim, seria oferecido a Manuel Cavaco, António, empregado que sempre trabalhou com os Bourbon de Linhaça e que continua a ser figura fundamental, logo no arranque desta segunda dose.

Ora bem, de acordo com o primeiro episódio — “que saiu do pelo” a toda a equipa, dizem-nos — o tijolo é parte de um décor inesperado. Melhor: logo nos primeiros minutos somos presenteados com um gigante urso de peluche, cenas de pancadaria, revolta, redenção e caminhos de Santiago com power banks. E, claro, Manuel Cavaco. Mais não se revela. Quer dizer, pode-se dizer que haverá uma Inês Lopes Gonçalves em maus lençóis e uma pintura de Nuno Markl. Ou um grande segredo revelado. Enorme. Inesperado. “Pôr do Sol” pode ainda não ser uma religião, mas terá certamente fiéis suficientes que a esta hora começam a tentar adivinhar “mas afinal o que raio se vai passar?”.

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Serão vinte episódios (mais quatro do que na anterior temporada) de cerca de meia hora cada, que além de mais ação e mais personagens — como garantido por Manuel Pureza ao Observador em maio — vão contar com a participação de uma estrela internacional. Bom, é uma estrela portuguesa, mas que agora também é internacional. Não é Daniela Melchior. Nem Daniela Ruah. Nem Joaquim de Almeida. Nem o Toy, até porque este já é omnipresente na série, nem que seja pelo jingle que criou. É rezar ao Nosso Senhor do Coisinho para ver se o leitor consegue acertar no ator que vai ajudar outra personagem a realinhar os chacras durante a nova saga.

Para não roer a corda, ou arriscar levar uma patada do cavalo Testículo, melhor tomar atenção à fasquia colocada pelo diretor de programas da RTP1. Talvez imbuído pelo bom ambiente transversal, José Fragoso destacou que “Pôr do Sol” é o “conteúdo digital mais visto em Portugal” porque, mesmo depois de ter saído da grelha e saltado para a Netflix, não deixou de angariar milhares de telespetadores na RTP1. Claro que destacou a programação da estação pública que virá ainda este ano, mas fez questão de deixar elogios sobretudo à sátira que protagonizou o final de dia. “Esta série já é uma referência, descodifica a linguagem das novelas. Tenho pessoas a dizerem-me: ‘isto podia entrar no ‘Pôr do Sol’, isto parece mesmo o ‘Pôr do Sol'”, afirmou.

Se para Manuel Pureza este é o esperado “regresso do campo de férias”, e para Henrique Dias (que teve ajuda redobrada de outro guionista, Roberto Pereira) um regresso a um processo criativo onde “nenhum dos autores sai melindrado”, para Rui Melo é um voltar a um lugar difícil, mas recompensador, para um ator: o da contenção. “As expetativas estão altas, é como o segundo álbum de uma banda. Acho que conseguimos superar. Mas gostava de destacar outra coisa: o quão difícil é não cair no exagero”. Se alguém dissesse que uma série destas teria uma segunda volta em Portugal, seria, sim, um exagero. Se alguém disser que a segunda volta será melhor do que a primeira, também estará a exagerar?