O presidente da Área Metropolitana do Porto (AMPorto), Eduardo Vítor Rodrigues, considerou hoje a proposta de uma estratégia metropolitana para os sem abrigo um “bom desafio”, mas alertou para “expectativas excessivas” sobre a abordagem à temática.

O que o vereador [da Coesão Social da Câmara do Porto] Fernando Paulo disse faz todo o sentido”, disse hoje o presidente da AMPorto aos jornalistas, referindo-se à proposta de uma estratégia metropolitana para as pessoas sem abrigo feita pelo responsável portuense.

Na segunda-feira, Fernando Paulo deu conta da intenção da autarquia portuense em “insistir” que se desenhe uma estratégia de resposta mais ampla: “Queremos que seja a nível da área metropolitana. Não desistimos e acho que em breve este assunto irá à reunião de vereadores da Coesão Social da AMP”, referiu.

Eduardo Vítor Rodrigues, que falava após uma reunião dos autarcas da AMPorto com o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, além de concordar com a proposta, alertou para a criação de “expectativas excessivas”.

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“É preciso, quando a área metropolitana discute uma coisa destas, capacidade de dar um passo seguinte”, sustentou, dizendo que os funcionários da entidade estão “completamente assoberbados de trabalho em áreas novas” para as quais não houve ainda “condições financeiras para atualizar o quadro de pessoal”.

O também presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia disse esperar que as abordagens apresentadas pelo vereador do Porto “sejam propostas”.

“A partir desse repto julgo que tenderão a ser, se não for pelo Porto serão por mim, e aquilo que acho que faz sentido é, numa primeiríssima fase, ser feita uma proposta”, que o autarca gaiense aceita assumir, “articuladamente com o presidente [da Câmara do Porto] Rui Moreira”, visando “a criação de um documento de base”.

“É um bom desafio, e vamos tentar enfrentá-lo com um primeiro passo, que possa ser a criação de um plano sobre a problemática dos sem abrigo na Área Metropolitana do Porto”, sustentou.

Posteriormente, “do ponto de vista da concretização, é objetivamente municipal”, e “aí a Área Metropolitana não tem nem competências legais nem meios”, disse Eduardo Vítor Rodrigues aos jornalistas.

A cidade do Porto tinha 730 pessoas em situação de sem-abrigo em dezembro de 2021, mais 140 que em 2020, sendo que destas 231 vivem na rua e 499 não têm casa, segundo dados divulgados pela Câmara do Porto na segunda-feira.

Sobre o aumento do número de sem abrigo na cidade, Fernando Paulo salientou que o Porto tem “uma forte atratividade” para as pessoas em Situação de Sem Abrigo: “A boa resposta que temos para estes casos faz com que o Porto seja atrativo e é por isso que muitos destes casos são de pessoas naturais de outros concelhos”, referiu.