O Palau criticou esta sexta-feira a ONU por não ter permitido a integração de membros de Taiwan na sua delegação presente na Conferência dos Oceanos, que encerrou esta sexta-feira em Lisboa, referindo que isso constitui uma violação da sua soberania.

No encerramento dos trabalhos, no plenário da Conferência dos Oceanos, o Palau — que assumiu a representação dos pequenos Estados insulares do Pacífico – acusou as Nações Unidas de excluir “23 milhões de pessoas de Taiwan” de uma discussão sobre “um assunto que é global”, lembrando que 170 países membros da organização internacional aceitam o passaporte dos residentes de Taiwan.

Vemos isto como uma violação dos nossos direitos de soberania. Nenhum Estado ou Estados deveriam poder decidir a composição da delegação de outro Estado-membro”, referiu uma representante da delegação do Palau, sem citar especificamente a China.

“Se permitirmos que isto continue, o que se seguirá? Que outros critérios podem ser levantados para ganhar influência geopolítica? É preciso preservar a inviolabilidade da instituição das Nações Unidas e a Carta [da ONU] fala claramente em ‘nós, os povos'”, sublinhou, reiterando que “o tema dos oceanos é global”, pelo que devia ser “possível que todos trabalhassem juntos, sem haver discriminações”.

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Face a esta declaração política, secundada pelos Estados Unidos, a delegação da China pediu também a palavra, tendo o seu representante garantido que não pretendia tomar “o precioso tempo da conferência a falar de Taiwan”.

Considerando “lamentável que o Palau tenha mencionado o tema”, o representante da China lembrou que as Nações Unidas “aceitaram, pela resolução 2785, que Taiwan faz parte do território da China”.

Como tal, defendeu o representante chinês, “Taiwan não poderia marcar presença numa conferência internacional” organizada pela ONU.

O tema foi ainda abordado pela delegação dos Estados Unidos, que defendeu que “cada delegação tem o direito de decidir a sua composição” e considerou que “não faz parte das funções do Comité de Credenciais decidir quais os membros que podem estar presentes” na conferência.

As Ilhas Marshall também pediram a palavra para falar sobre o caso, defendendo o protesto do Palau e considerando que a situação “é irónica”, enquanto o Paquistão afirmou ser “lamentável que, no encerramento da conferência, tenha sido levantado um tema de divisão” com o “objetivo específico de projetar um problema de um Estado-membro”.

As Nações Unidas reconhecem que a República da China representa toda a China e nenhum outro Estado pode representar a China“, concluiu o representante da delegação paquistanesa.

Taiwan, que se considera uma nação soberana, é historicamente reivindicada pela China, que considera aquele território como “uma província rebelde”.

Taiwan pode ser a nova Ucrânia?

Taiwan tem nos Estados Unidos o seu maior aliado e este mês, o Presidente norte-americano, Joe Biden, alertou a China sobre Taiwan, tendo o Governo chinês respondido, afirmando que “esmagaria resolutamente qualquer tentativa” de independência da ilha.