O presidente da transportadora aérea SATA revelou esta segunda-feira que o aumento dos preços dos combustíveis torna “mais difícil” o grupo ter lucros em 2022, realçando que os encargos com combustível “mais do que duplicaram” no último ano.

Em declarações aos jornalistas na sede da companhia em Ponta Delgada, Luís Rodrigues lembrou que a administração da SATA pretendia que o grupo tivesse lucros em 2022, apesar de o Plano de Reestruturação só prever a obtenção de resultados positivos em 2023.

Este era o nosso plano: antecipar em um ano aquilo que estava no Plano de Reestruturação. Neste momento fica mais difícil. Não é impossível, mas fica bem mais difícil”, afirmou.

O presidente da companhia açoriana reforçou que os custos com combustível “mais do que duplicaram” no último ano, uma vez que atualmente representam 30% dos encargos da empresa, enquanto há um ano esse valor ficava pelos 11%.

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“Tínhamos estimado conseguir resultados positivos já este ano. Neste momento, isto é altamente incerto”, vincou.

Luís Rodrigues disse temer impactos na procura e admitiu um aumento no preço dos bilhetes devido aos custos dos combustíveis.

“Temo [impactos na procura]. Talvez nem tanto devido ao aumento do preço dos bilhetes. Isso é óbvio que vai ter de acontecer, mas também pelo facto de o aumento do custo de combustíveis se refletir no dia-a-dia das pessoas e as pessoas estarem com menos rendimento disponível para férias”, considerou.

O responsável realçou, contudo, que o ano de 2022 está, “em termos de resultados, totalmente alinhado com o Plano de Reestruturação”, apesar de aquele plano não ter previsto o aumento “brutal” dos combustíveis.

“A Comissão Europeia estimou o impacto da pandemia na SATA em 215 milhões de euros, uma estimativa conservadora. Se isso não tivesse acontecido, estaríamos muito melhor do que aquilo que estamos. A seguir, quando todos já respirávamos de alívio da pandemia, temos esta crise de combustível provocada pela guerra na Ucrânia”, declarou.

Em 14 de junho foi anunciado que a SATA teve em 2021 um resultado antes de juros e impostos positivo e um resultado líquido negativo de -57,4 milhões de euros, uma melhoria de mais de 30 milhões face a 2020, foi anunciado esta segunda-feira.

Em comunicado, a companhia revelou que o “resultado líquido consolidado melhorou em mais de 30 milhões de euros” no ano passado, comparativamente a 2020 (quando o prejuízo se fixou em 88 milhões), continuando, contudo, em “terreno negativo” no valor de -57,4 milhões de euros.

A Comissão Europeia aprovou, em 7 de junho, uma ajuda estatal portuguesa para apoio à reestruturação da companhia aérea açoriana SATA, de 453,25 milhões de euros em empréstimos e garantias estatais.

Bruxelas aprova 453 milhões para a SATA e encerra investigação a ajuda de Estado

As dificuldades financeiras da SATA perduram desde pelo menos 2014, altura em que a companhia aérea detida na totalidade pelo Governo Regional dos Açores começou a registar prejuízos, agravados pelos efeitos da pandemia de Covid-19, que teve um enorme impacto no setor da aviação.