Os cães modernos serão, afinal, descendentes, não de apenas uma população de lobos, mas de duas distintas, concluiu um novo estudo que analisou amostras de ADN tanto de lobos pré-históricos como de cães com milhares de anos.

Pensa-se que os cães descendam de lobos cinzentos da Eurásia — os Canis lupus lupus — e, até há pouco tempo, a população desta espécie que habitou a Europa era apontada como a mais próxima dos cães atuais. A população de lobos mais próxima da maioria dos cães, contudo, parece ter habitado a Ásia.

Anders Bergstrom, no Instituto Francis Crick em Londres, e um dos autores do estudo, explicou à NewScientist que a equipa não foi capaz de encontrar um lobo ancestral que estivesse diretamente relacionado com o cão moderno, conseguindo apenas perceber que os nossos companheiros de quatro patas são geneticamente mais semelhantes aos antigos lobos que habitavam a Ásia do que aos lobos europeus.

Há bastantes locais do mapa sobre os quais não temos nenhuma amostra [de ADN]”, explicou Anders Bergstrom. O investigador acredita que o antecessor direto dos cães esteja algures no continente asiático, “em algum lugar do qual ainda não temos amostras”.

O novo estudo, publicado na revista científica Nature esta quarta-feira, veio solidificar estudos anteriores que davam conta de uma dupla linhagem de lobos na formação dos cães modernos. Canídeos com milhares de anos descobertos em Israel e em África terão os lobos europeus como o parente ancestral mais próximo. Já os cães descobertos na Sibéria, na América do Norte e na Europa estarão mais próximos dos lobos asiáticos.

Para o investigador estes dados parecem apontar para uma domesticação distinta dos cães ancestrais no leste e no oeste, e que apenas mais tarde os dois se cruzaram geneticamente. Outra hipótese é a de que os animais de quatro patas foram primeiro domesticados na Ásia, e mais tarde terão acasalado com lobos das regiões ocidentais.

O cão mais antigo com esta dupla linhagem foi descoberto em Israel, e terá cerca de sete mil anos, embora Bergstrom admita que o duplo cruzamento possa ter acontecido há cerca de 15 mil anos.

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