Mantêm-se as filas no Aeroporto de Lisboa, onde dezenas de passageiros tentam perceber o que fazer depois de terem visto os seus voos a partir da capital portuguesa cancelados. Depois de, no fim de semana, terem sido cancelados mais de 80 voos nos aeroportos nacionais (65 no sábado e 22 no domingo), e de esta segunda-feira três dezenas de aviões de e para o Aeroporto Humberto Delgado não terem chegado a descolar, esta terça-feira ao início da manhã eram pelo menos 27 os cancelamentos previstos em Lisboa.

Entretanto, à Lusa, ao início da tarde, fonte oficial da ANA – Aeroportos de Portugal acrescentou mais um voo à lista: “Estão previstos para hoje 28 voos cancelados no Aeroporto de Lisboa: 16 chegadas e 12 partidas”.

De acordo com o site da ANA, entre as companhias com voos suprimidos, para além de TAP, estão Ethiad Airways, Azores Airlines, Scandinavian Airlines e TAAG Linhas Aéreas de Angola.

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É na fila para o balcão da TAP, a companhia com mais slots (faixas horárias) no aeroporto de Lisboa, que se concentra o maior número de passageiros, cerca de três dezenas em permanência, ao longo das primeiras horas da manhã. Muitos com filhos pequenos ao colo ou com animais de estimação nas transportadoras, tentam antecipar viagens ou perceber quando — e por que trajeto — vão conseguir abandonar a capital portuguesa e chegar aos respetivos destinos.

É o caso de Maria Rita, em trânsito desde o Rio de Janeiro para Oslo, onde no próximo dia 16 garante que vai estar, para assistir ao casamento da própria filha — “Nem que chegue no dia do casamento, mas eu vou”.

Há uma hora na fila para o balcão da TAP, a brasileira lamentou aos microfones da Rádio Observador a falta de informação e a alternativa encontrada pela transportadora portuguesa para a fazer chegar ao destino final. “Saí do avião, passei pela imigração, fiz tudo e na hora de embarcar o voo [tinha sido] cancelado, sem eu saber de nada. Marcaram-me um voo para amanhã ir para Amesterdão e de lá para Oslo. Se eu quisesse ir por Amesterdão tinha marcado para a KLM, que vai direto, não tinha de dar esta volta toda.”

DECO alerta que as transportadoras aéreas podem estar a violar direitos básicos dos passageiros, devido aos voos cancelados

Também à Rádio Observador, Paulo Fonseca, advogado e coordenador do departamento jurídico e económico da Deco, alertou para o facto de não estar a ser aplicado o direito à assistência dos passageiros,  que ficam horas ou dias à espera de voos cancelados, muitas sem vezes, sem conseguir comer nem dormir. “Podem procurar um alojamento e podem procurar fazer as refeições apresentando estas despesas à própria transportadora, caso ela não tenha condições para as fornecer”, garantiu o jurista, lamentando que, na grande maioria dos casos, os “direitos básicos” dos passageiros não estejam a ser observados.

Artigo atualizado às 13h17 com as informações prestadas pela ANA