A economia portuguesa deverá crescer 5,2% em 2022 e a inflação poderá atingir os 7,5%, estimam os economistas do núcleo de estudos da Católica na folha trimestral de conjuntura divulgada esta quarta-feira.

De acordo com o NECEP – Católica-Lisbon Forecasting Lab, a economia portuguesa deverá registar “oscilações significativas nos próximos meses, que não deverão ser interpretadas como contrações ou acelerações do crescimento”, mas antes como “movimentos de ajustamento próprios” da atual fase pós-pandemia.

Para os economistas, a variação em cadeia do Produto Interno Bruto (PIB) deverá ser negativa em 0,8% no segundo trimestre, de modo a compensar o crescimento “anormalmente elevado” de 2,6% verificado no primeiro trimestre.

Neste cenário, a economia portuguesa poderá registar uma variação anual de 5,2% em 2022, amplificada pela base favorável”, afirmam os economistas do núcleo de estudos da Católica.

O NECEP acrescenta que esta previsão “seria consistente com um crescimento de apenas 0,3% em 2023, que incorpora um efeito base desfavorável resultante do grande ressalto do primeiro trimestre do corrente ano”.

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A previsão de um crescimento de 0,3% do PIB em 2023 comporta “prováveis oscilações em torno do nível pré-pandemia”, um comportamento que, sublinham, “deverá observar-se também nas principais economias da zona euro, na ausência de choques severos”.

Os custos humanos e económicos da guerra da Ucrânia são muito elevados, mas não se notam ainda, de forma inequívoca, nos dados da atividade económica em Portugal”, afirmam, referindo que os indicadores sugerem uma rápida melhoria do turismo que poderá alcançar, ou mesmo superar, os níveis anteriores à pandemia durante o verão.

Os economistas estimam ainda um crescimento homólogo (anual) de 6,3% do PIB no segundo trimestre, face aos 11,9% registados no trimestre anterior.

Quanto à inflação, o núcleo de estudos da Católica prevê que esta atinja os 7,5% em 2022, mas sublinha que é “razoável esperar” que desça para 5% em 2023.

“A política monetária do Banco Central Europeu (BCE) deverá contribuir para uma redução da inflação na zona euro e em Portugal, mas apenas a partir do próximo ano, já que as taxas diretoras se mantêm negativas”, pode ler-se na nota.

Assim, acrescentam os economistas, em 2024, a inflação deverá convergir para 2,5% em Portugal e na zona euro.

O NECEP destaca que “o Orçamento do Estado para 2023 é de elaboração bastante complexa, já que poderá coexistir com um cenário macroeconómico de crescimento muito modesto, eventualmente interpretado como um cenário de estagnação combinada com inflação elevada”.

“Acresce o risco de aumento severo do custo do serviço da dívida pública, decorrente da subida, não apenas das taxas de juro diretoras do BCE, mas também dos ‘spreads’ face à Alemanha”, refere ainda o NECEP.

No Orçamento do Estado para 2022, o Governo prevê que o PIB cresça em 4,9% este ano e que a inflação atinja os 4%.