O PS avisa o PSD que a vinda interpolada do primeiro-ministro e dos ministros ao Parlamento faz parte de um “acordo-quadro” antigo entre os dois partidos. Isto porque o PSD defende o regresso dos debates quinzenais com o primeiro-ministro e o PS quer que o líder do Governo vá ao plenário da Assembleia da República apenas de mês a mês, com os ministros a irem quinze dias depois de cada uma destas presenças. O PS compromete-se a “trabalhar a proposta” com os outros partidos.
A explicação foi deixada pelo líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, que defende a proposta socialista para alterar o regimento. A última alteração, acordada entre PS e PSD, foi feita há apenas dois anos, precisamente para acabar com os quinzenais e agora, depois da maioria absoluta socialista, os partidos reclamaram por um recuo na decisão.
Para o PS o seu esquema é suficiente, com Brilhante Dias a dizer mesmo que “esta perspetiva interpolada era um elemento que fazia parte de um acordo-quadro entre o PS e o PPD-PSD quando o PS ainda era minoria nesta câmara no Parlamento”. “O modelo estava previamente acordado com o PSD”, disse ainda sobre esse tempo.
A propósito ainda provocou os sociais-democratas, ou “PPD-PSD”, como o PS agora teima em chamar ao adversário, dizendo que às vezes o PS “fala com o PPD-PSD A, outras vezes com o PPD-PSD B, e nem sempre a consistência é absoluta e às vezes eles próprios próprias incongruências”.
O socialista garante que se se trata de um “aumento da frequência dos debates no hemiciclo” e que o PS está “confortável” com essa solução que permite, afirma, “uma fiscalização periódica do Governo”, com a presença de ministros a cada 15 dias no plenário.
O que não foi fiscalizado pelos socialistas foi o que se passou há uma semana com um dos ministros do Governo e o primeiro-ministro. O episódio da desautorização de Pedro Nuno Santos não foi, também esta quinta-feira, comentado na reunião da bancada parlamentar. Já há dois dias, numa reunião dos deputados que contou com a presença de Costa, sobre a Agenda do Trabalho Digno, ninguém questionou o líder sobre o assunto.
Silêncio absoluto. Costa usa discussão laboral para desviar o foco de polémicas
Nesta reunião da bancada “esse tema não foi objeto de debate”, disse o socialista que preferiu antes sublinhar que o debate da moção de censura “correu particularmente bem”.