O Conselho de Segurança da ONU adiou a votação de uma resolução para manter a entrega de ajuda humanitária da Turquia às zonas rebeldes do noroeste da Síria, devido à falta de acordo com a Rússia.

A votação, inicialmente marcada para o início da sessão de quinta-feira, foi adiada várias vezes enquanto os quinze membros do Conselho de Segurança tentavam chegar a um compromisso.

No final da tarde, os países decidiram adiar a votação e continuar esta sexta-feira a negociar para chegar a um consenso antes do mecanismo que permite o envio da ajuda expire, no domingo.

Segundo fontes diplomáticas, citadas pela agência Efe, a Rússia rejeita uma proposta elaborada pela Noruega e pela Irlanda, que manteria por um ano o uso da passagem fronteiriça Bab al-Hawa para entregar ajuda humanitária à população da província síria de Idlib, que está sob controle rebelde.

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Moscovo, que tem sido muito crítica para com este mecanismo e tem poder de veto no Conselho de Segurança, propõe como compromisso manter a ajuda por apenas mais seis meses.

O governo russo, grande aliado do Governo da Síria, considera que a ajuda tem beneficiado grupos terroristas em Idlib, sobretudo o Hayat Tahrir al-Sham, com ligações à Al-Qaida, e entende que toda a assistência deve ser canalizada através do executivo de Bashar al-Assad.

A renovação do mecanismo, em vigor desde 2014, tornou-se uma batalha recorrente no Conselho de Segurança nos últimos anos.

Por insistência da Rússia, o número de passagens de fronteira que podem ser usadas para entregar a ajuda foi progressivamente reduzido e agora a passagem de Bab al-Hawa é o único corredor aberto.

Organizações não governamentais têm alertado para uma catástrofe em Idlib, o último bastião rebelde, se a fronteira for fechada.

De acordo com agências humanitárias, mais de quatro milhões de pessoas no noroeste da Síria dependem desta ajuda.

Em 2021, mais de 9.500 camiões transportando alimentos, remédios e outros itens essenciais passaram por Bab al-Hawa.

Segundo a ONU, após 11 anos de guerra na Síria e, apesar da calma militar, o número de pessoas que precisam de ajuda humanitária no país é atualmente o maior desde o início do conflito, em parte devido à forte seca e ao impacto da guerra na Ucrânia.

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