A notícia não é propriamente surpreendente. Contudo, tendo em conta a janela temporal que ainda falta para a próxima edição dos Jogos Olímpicos, torna-se particularmente relevante. O Comité Olímpico Internacional (COI), na pessoa de um dos seus membros mais antigos, acredita que dificilmente os atletas russos e bielorrussos poderão estar presentes em Paris 2024, daqui a dois anos.

A ideia foi adiantada ao The Guardian por Craig Reedie, uma das figuras mais influentes do COI nos últimos 30 anos e antigo líder da Agência Mundial Antidoping. Ao jornal inglês, Reedie explicou que o problema está já a ser discutido porque as competições de qualificação e apuramento para os Jogos Olímpicos começam já este verão — altura em que os atletas da Rússia e da Bielorrússia estão totalmente banidos de praticamente todas as modalidades.

Comité Olímpico Internacional recomenda exclusão de atletas russos e bielorrussos das competições

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“Receio que terá de ser tomada uma decisão em relação a estes dois países. E parece-me que o sentimento generalizado é de que estes atletas não devem tentar qualificar-se. Acho que a maioria das pessoas está a debater-se com a procura por uma forma de encontrar algum tipo de representação. Neste momento, não existe uma forma clara de o fazer. Assim sendo, devemos manter o status quo“, referiu. Ou seja, em 2024, os atletas russos não deverão estar presentes nos Jogos Olímpicos de forma alguma — nem sequer sob bandeira e hino neutros, como aconteceu em Tóquio, na sequência do castigo após o escândalo de doping.

De recordar que, em fevereiro e logo após começar a invasão da Ucrânia por parte da Rússia, o COI recomendou que os atletas russos e bielorrussos fossem afastados dos eventos internacionais para “proteger a integridade das competições desportivas globais e pela segurança de todos os participantes. Cinco meses depois, Craig Reedie recorda que praticamente todas as modalidades acolheram o repto — à exceção do ciclismo, do judo, e do ténis (tirando Wimbledon), que têm permitido que os atletas russos participem de forma neutra.

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“Contudo, o problema que temos agora é que, a cerca de dois anos dos Jogos, o período de qualificação vai começar. E este é um problema real para as federações, que têm uma instrução clara com a qual concordaram de que não devem convidar russos e bielorrussos para qualquer evento. Assim, olhando para tudo isto, é improvável que alguém participe nestas qualificações — à exceção dessas três modalidades que fazem as coisas de forma diferente. E será que, mesmo nessas três modalidades, conseguem qualificar-se? Não tenho certezas”, acrescentou, rejeitando também a ideia de que russos e bielorrussos possam entrar nos apuramentos a meio, em cenário de um fim do conflito armado a breve prazo.