A Autoridade de Preparação e Resposta a Emergências Sanitárias (HERA, sigla em inglês), um organismo pertencente à Comissão Europeia, divulgou esta terça-feira as três maiores ameaças à saúde pública dos cidadãos no bloco europeu. A primeira é a possibilidade de “emergirem novas doenças infecciosas”, que podem dar origem a uma nova pandemia. Outra das preocupações levantadas pelo órgão comunitário passa pela “ameaça nuclear” de que a Europa pode ser alvo por conta de “atores hostis”. E há ainda menção à resistência aos antimicrobianos — ou antibióticos —, que “representam um dos maiores riscos à saúde humana”.

O surgimento de “patogénicos com alto potencial pandémico” é um dos tópicos que mais preocupa a Comissão Europeia, que afirma que a “pandemia de Covid-19 não será a última emergência de saúde pública no mundo”. “A Europa precisa de estar mais bem preparada para antecipar e responder a este risco.” Assim sendo, a HERA monitorizará certos vírus considerados de “preocupação”, especialmente aqueles que possuem “natureza zoonótica” — ou seja, que se transmitem de animais para humanos.

A Comissão Europeia diz, ainda assim, que uma nova “crise de saúde pública de grande escala é praticamente inevitável”: “Na última década, o mundo viveu alguns dos surtos mais devastadores de doenças infecciosas, incluindo a epidemia de Influenza, Ébola e Zika”. Esta tendência surge de uma “combinação de fatores”, tais como “as alterações climáticas”, “a produção alimentar” e o “turismo”, que “permite que os vírus e outros patogénicos se espalhem pelo mundo numa questão de horas”.

Sobre a Covid-19, a HERA vai continuar a alocar recursos na resposta à pandemia, principalmente na compra de vacinas: “Para implementar a estratégia de vacinas da União Europeia em colaboração com os estados-membros, foram assinados dez contratos até à data: sete de compras antecipadas e três acordos de compra”. Outra das prioridades consiste na “deteção e caracterização de novas variantes”, assim como na “adaptação de vacinas” face a novas mutações do SARS-CoV-2.

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“A ameaça nuclear” oriunda dos “novos riscos geopolíticos”

A invasão da Ucrânia alterou o contexto geopolítico no continente europeu. O aumento da tensão não fica apenas no campo político-económico, extravasando para questões de saúde pública. Com a guerra à porta de alguns estados-membros e com a tomada de algumas centrais nucleares pelas tropas russas, a Comissão Europeia refere também as “ameaças químicas, biológicas, radiológicas ou nucleares”. 

Estes riscos poderão ocorrer de forma “acidental ou deliberada” dadas “as tensões geopolíticas” que a Europa enfrenta, podendo ser levadas a cabo por “atores hostis” — e poderão ter um “impacto na saúde humana, resultando na morte, incapacidade temporária ou dano permanente, independentemente da origem ou do seu método de produção”.

Além disso, a Comissão Europeia deixa um alerta para as ameaças biológicas, isto é, a possibilidade da propagação de pandemias “de maneira deliberada” e também “acidental”.

O “risco” da resistência aos antibióticos

A Comissão Europeia estabelece igualmente como uma ameaça à saúde pública a “resistência a antibióticos” — um dos “maiores riscos à saúde humana” — que causa “mais de 1,2 milhões de mortes em todo o mundo”. A HERA compromete-se, por isso, a fazer uma avaliação de quais são as maiores “vulnerabilidades” dentro da União Europeia neste domínio.

Com estas três prioridades em cima da mesa, a HERA vai agora colocar em prática o seu plano para evitar que estas ameaças à saúde pública se intensifiquem. A comissária para a Saúde e Segurança Alimentar, Stella Kyriakides, realça que este “exercício” de estabelecer quais são os maiores riscos à saúde pública permite preparar uma resposta coordenada por parte dos estados-membros e também articular-se com a restante comunidade internacional. “A HERA vai ser o nosso farol para emergências de saúde no futuro”, assinala a responsável.