O secretário-geral da ONU, António Guterres, indicou esta terça-feira ter apelado ao Conselho de Segurança da ONU à prorrogação por mais 12 meses do mecanismo de ajuda transfronteiriça para a Síria.

Apelei ao Conselho de Segurança que permitisse a passagem de ajuda transfronteiriça para a Síria por um período de 12 meses. A aprovação de hoje por um período adicional de seis meses vai ajudar-nos a continuar a trabalhar para salvar vidas e aliviar o sofrimento. Espero veementemente que após os seus meses seja de novo renovado”, indicou numa curta declaração.

O Conselho de Segurança da ONU adotou esta terça-feira uma resolução que prorrogará até 10 de janeiro o mecanismo de ajuda transfronteiriça para a Síria, como imposto pela Rússia quando os restantes parceiros propuseram o prolongamento de um ano.

A resolução foi aprovada por 12 votos em 15, contando com os votos a favor da Rússia, China e dos dez membros não permanentes do Conselho de Segurança.

Sem nenhum voto contra, os Estados Unidos, o Reino Unido e a França abstiveram-se de marcar o seu desacordo com uma duração que consideram insuficiente para planear adequadamente a prestação da ajuda.

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Na sexta-feira, Moscovo tinha vetado uma resolução que prolongaria este sistema por um ano, tal como solicitado pelas Nações Unidas e restantes organizações humanitárias, propondo em troca como única alternativa a prorrogação por seis meses.

A Rússia forçou a mão de todos: ou o mecanismo era fechado ou era prorrogado por seis meses”, disse um embaixador, que quis permanecer anónimo, à agência francesa AFP.

Para ser adotado, um texto deve receber pelo menos nove dos 15 votos sem qualquer parecer negativo de um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança, isto é, dos Estados Unidos, da França, do Reino Unido, da Rússia e China.

A resolução prevê que as Nações Unidas voltem a usar a passagem de Bab a-Hawa, na fronteira entre a Síria e a Turquia, fechada desde a noite do passado domingo.

Criado em 2014, o mecanismo transfronteiriço permite que a ajuda humanitária seja entregue, sem autorização do regime da Síria, a mais de 2,4 milhões de pessoas na região noroeste de Idleb, que permanece sob o controlo de grupos jihadistas e rebeldes.

Uma clara maioria do Conselho de Segurança preferia a prorrogação de 12 meses, mas a Irlanda e Noruega pediram hoje a todos que apoiassem o ultimato da Rússia, ainda que apenas por seis meses, sendo que era a única forma possível de assegurar que ajuda continuasse a chegar àqueles que mais necessitam.

O texto adotado inclui a possibilidade de uma nova prorrogação do regime em janeiro de 2023 por outros seis meses, sujeita à adoção de uma outra resolução.