O Presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, fez esta terça-feira duras acusações contra os países da NATO. Num discurso que ocorreu na entrega de insígnias numa escola militar, o chefe de Estado atacou os “fascistas modernos dos países da NATO”, que “querem levar a cabo um ataque contra a Bielorrússia através da Ucrânia”.

Naquilo que diz ser uma “cruzada” levada a cabo pela NATO, Alexander Lukashenko descreve um cenário em que “sob o pretexto de fortalecer a defesa da Europa”, os Estados-membros da aliança transatlântica “estão a montar uma força de ataque que claramente não está destinada à defesa”. “As neutrais Suécia e Finlândia subitamente expressaram o desejo de urgentemente juntarem-se à NATO e o bloco [transatlântico],  contrariamente às regras, está pronto para permitir a sua adesão”, exemplifica o Presidente bielorrusso, criticando os governos dos dois países nórdicos por não “ouvirem as opiniões do povo”.

Citado pela agência de notícias bielorrussa Belta, o Presidente bielorrusso denuncia que o Ocidente se prepara e está a desenvolver “planos estratégicos” para atacar não só a Bielorrússia, como também “a Rússia”. O assunto foi discutido na chamada telefónica com o seu homólogo russo, Vladimir Putin: “O Presidente russo e eu discutimos isso em detalhe ontem [segunda-feira]”. “A história está a repetir-se”, refere, numa alusão às incursões das tropas napoleónicas e nazis na Rússia.

Voltando a atacar o Ocidente, Alexander Lukashenko avisa que os “eventos que se desenvolvem à volta da Bielorrússia e da Rússia requerem vigilância e concentração extrema”. “Liderados pelos Estados Unidos, os países do Ocidente têm destruído o sistema de segurança global”, algo que vai contra “os seus interesses nacionais e os desejos do seu povo”.

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No entanto, o chefe de Estado bielorrusso afirma “seguramente” que a “Europa não quer lutar”. “Não são lutadores”, acusa. Lamentando que os países europeus “já não decidam nada hoje em dia”, Alexander Lukashenko aponta o dedo aos Estados Unidos, que assumem uma postura que procura o conflito e conseguem-na impor no continente europeu.

“Por isso, não podemos baixar a guarda”, adverte o Presidente bielorrusso, que fez questão de reforçar a presença militar na fronteira que partilha com a Ucrânia. Aliás, Alexander Lukashenko assegura que “tem tirado conclusões relevantes do conflito na Ucrânia”. “Deus nos livre se esta guerra um dia chegue à Bielorrússia. Mas será da maneira que teremos de proteger a nossa pátria se pessoas loucas fizerem isso”, assinalou.

Neste momento, Alexander Lukashenko dá conta de que a Bielorrússia está a enfrentar uma forte pressão não só no domínio político-militar, como também em áreas como a economia ou nos meios de comunicação. “Isso confirma que se enfrenta uma guerra híbrida em grande escala, que é sempre ofensiva por natureza”, disse o Presidente bielorrusso, que voltou a culpar a NATO por estas operações.