Numa indústria em que os smartphones foram ficando cada vez mais parecidos, com algumas diferenças de cores, mais garridas ou não, consoante as marcas, a startup britânica Nothing faz a estreia no mercado com uma aposta que quer primar pela diferença: com transparência.

O Phone (1), assim se chama o primeiro modelo da marca, foi apresentado esta terça-feira, depois de semanas de antecipação e teasers. Um equipamento com uma parte traseira totalmente transparente, adornada por um conjunto de LED, é a principal característica diferenciadora.

Na apresentação deste novo produto, depois de um lançamento de uns auriculares totalmente transparentes – quase para testar a temperatura da indústria e aferir a procura – Carl Pei, o CEO da Nothing, falou em “instinto” e na ambição de criar uma “experiência que eventualmente poderá marcar o início da mudança de uma indústria estagnada”.

Carl Pei é um nome relevante na indústria de smartphones, depois de ter marcado presença na OnePlus. A estratégia da marca passa por ter uma forte componente de comunidade, com eventos e produtos exclusivos para clientes, e fazer chegar ao mercado telefones com características de topo de gama mas com preços mais acessíveis. Chegou a conferir-lhe uma aura de “flagship killer”, uma espécie de matadora dos topos de gama, numa tradução livre.

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E poderá mesmo ser essa a estratégia que a Nothing quer repetir. O primeiro telefone da marca aposta não só no design, mas também dedica atenção ao desempenho, com uma faixa de preços que arranca nos 499 euros, com diferentes configurações consoante dependendo do armazenamento interno. Haverá três versões possíveis: uma com 8 GB de RAM e 128 GB de armazenamento – que estará disponível apenas em preto; uma versão intermédia de 8 GB com 256 GB e ainda uma terceira, com 12 GB de RAM e 256 GB de armazenamento.

No interior, este equipamento vai contar com um processador da Qualcomm, mais concretamente o Snapdragon 778G+ – algo que já tinha sido recentemente revelado pela empresa. No que diz respeito ao ecrã, o Phone (1) conta com 6,55 polegadas num ecrã OLED, com uma taxa de atualização de 120Hz.

Onde é que entra a parte da nostalgia? Em alguns detalhes do equipamento, a começar nos toques de chamada, que tentam imitar sons de código morse ou ainda a da ligação à internet nos anos 90, bem mais ruidosa do que é hoje em dia.

Além da parte de trás transparente, a empresa quis dar alguma utilidade às luzes LED. A marca apresenta esta componente ao mercado como a interface Glyph, “uma forma para comunicar” com o utilizador que minimiza o tempo em que está a olhar para o ecrã, com um padrão de até 900 LED.

Será possível personalizar esta área para associá-la a determinados contactos, com um padrão de luz específico, ou para combinar com o som de chamada escolhido. No exemplo dado por Carl Pei, seria possível estar numa reunião, por exemplo, e conseguir perceber quem é que está a ligar sem olhar para o visor – basta perceber qual é o padrão da luz. Esta interface pode também ser personalizada para associar padrões a notificações de diferentes aplicações ou mesmo para perceber se a bateria de 4.500 mAh já está carregada ou não, usando uma barra de progresso.

No que toca a software, a Nothing junta-se à maioria da indústria. “Gosto do design do Android, não percebo como é que há marcas que carregam muito as ‘skin’ [a versão personalizada por cada marca para o seu Android]”, diz Carl Pei, de telefone na mão. O Nothing vai usar o sistema operativo Android, sim, mas personalizado com o Nothing OS – algo que também acontece com outras marcas.

Com a câmara a ser um dos requisitos mais pedidos pelos utilizadores, este smartphone tem apenas duas câmaras. E isso é assumido por Carl Pei, que diz que a empresa queria fazer um equipamento “sem tretas” no que toca a câmaras, criticando uma indústria que por vezes peca por um elevado número de câmaras, sem “grande utilidade”. A câmara principal tem um sensor de 50 MP, desenvolvido pela Sony, o IMX766; a câmara secundária, uma grande angular, também conta com 50 MP. A câmara frontal conta com um sensor de 16 MP, também desenvolvido pela Sony.

As vendas gerais do Phone (1) arrancam a 21 de julho. A marca vai vender os telefones online, mas também recorrerá a uma série de parceiros para fazer chegar os equipamentos às lojas físicas. Em Portugal, estão asseguradas para já parcerias com a Fnac, Worten e também com a PCDiga.

Os preços em Portugal vão variar entre os 499 euros (opção que estará disponível apenas em preto), 529 euros para a versão intermédia e 579 euros para a versão mais poderosa, com 12 GB de RAM e 256 GB de armazenamento interno.

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