O Sindicato dos Trabalhadores e Arqueologia (STArq) revelou, em comunicado, ter existido um “colapso informático”, na Direção-Geral do Património Cultural (DGPC), entre maio e junho, que causou “transtornos e impedimentos na comunicação entre técnicos, serviços e chefias”.

De acordo com o STARq, este “colapso” visou em particular os serviços de email e o site da DGPC, desde o dia 13 de maio até “meados de junho”.

A DGPC, contactada pela agência Lusa, assegurou esta quinta-feira que “a situação dos ’emails’ e da inacessibilidade à página da DGPC ficou resolvida no mês de maio”.

Em concreto, esta falha técnica veio obstruir o contacto dos profissionais de arqueologia a trabalhar no terreno, privando-os da resposta atempada dos serviços centrais e regionais”, escreve o sindicato em comunicado divulgado na quarta-feira, acrescentando que “o problema em causa é resultado de anos de falta de investimento e estratégia, particularmente na DGPC, por parte dos sucessivos governos”.

Para o sindicato, com o serviço de ’email’ e a página de internet “fora de serviço”, os “transtornos e impedimentos” envolveram “também a própria DGPC e o setor privado e académico da Arqueologia”.

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O sindicato dá conta de ter abordado o problema, numa reunião no passado dia 9, com o diretor-geral do Património Cultural, João Carlos Santos, e a atual subdiretora, Catarina Coelho, “sem [ter tido] uma resposta concreta relativa ao problema”.

Nesta reunião o sindicato procurou saber se está previsto “investimento da DGPC no que diz respeito à modernização e transição digital”, assim como o valor desse investimento. De acordo com o STARq, no comunicado divulgado, “o próprio diretor-geral limitou-se a referir [que seria feita] a aquisição do ‘sistema operativo Microsoft 365′”.

Para o sindicato, esta resposta causa “elevada preocupação”, por indicar a possibilidade de não haver “um plano para aferir das reais necessidades da instituição em termos informáticos”.

No comunicado, o STArq divulga as questões que levantou à tutela: se há “possibilidade de uma situação semelhante voltar a ocorrer no futuro”; se “existe ou será desenhado um plano de contingência/segurança”, e se “as entidades e profissionais que costumam contactar os serviços e técnicos da DGPC foram informadas da falha no sistema”.

O sindicato afirma-se “preocupado” por não ter sido “divulgada a natureza da avaria” — se se tratou de origem interna ou externa à DGPC — e salienta que “a incapacidade dos servidores e dos “softwares” de gestão da informação da DGPC é percetível por qualquer profissional ou instituição que tenha de relacionar-se, ou utilizar os serviços, deste organismo do Ministério da Cultura”.

O STARq questinou ainda a tutela sobre terem ou não sido “acedidos/perdidos dados relevantes, como informações pessoais acerca de profissionais do património, processos de proteção e salvaguarda do Património Arqueológico e informação arqueológica que só existe em formato digital, nomeadamente os registos de bens arqueológicos desmontado”.

No comunicado, o SATRq interroga ainda se “estas perdas, eventuais, podem ter consequências temporária ou permanentes nos processos que a DGPC tutela”.

O STArq tinha já alertado em maio último para uma paragem no sistema informático, tendo na ocasião, dia 25 de maio, a DGPC garantido que o problema estaria “sanado” no final desse dia, por se tratar de uma “anomalia num servidor”, que estava “a ser resolvida”, afastando qualquer hipótese de um ataque informático exterior, como então este organismos público explicou à agência Lusa.

Também em maio, o STArq pediu esclarecimentos à tutela, o ministro da Cultura e a secretária de Estado da Cultura, mas não obteve qualquer esclarecimento.

A agência Lusa contactou a DGPC, sobre a posição e os alertas do STARq, tendo a assessora da direção afirmado, por email que “a situação dos e-mails e da inacessibilidade à página da DGPC ficou resolvida no mês de maio”, não tendo, por isso “nada a acrescentar”.