Dizendo não querer menorizar os desafios que estão em cima da mesa, o ministro das Finanças aproveitou a audição desta quinta-feira no Parlamento, sobre questões económicas, para comentar as projeções de Bruxelas, salientando o que diz ser  a “evolução positiva da economia portuguesa”.

E especificou: Portugal é aquele que apresenta maior crescimento na Zona Euro em 2022, tendo a Comissão Europeia estimado “uma melhoria do crescimento face à última projeção da primavera, o que mostra uma resiliência da economia portuguesa significativa e muito importante”.

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Havendo sinais de abrandamento para 2023, Fernando Medina salienta, no entanto, que os dados mostram para Portugal uma “projeção de crescimento acima da Zona Euro”, e contrapôs os analistas que atribuem este crescimento acima da zona euro ao facto de ter crescido menos em 2021. “Ao contrário do que alguns têm referido”, Portugal crescerá mais no período 2020-2023. “Sairá do processo pandemia com um nível de  crescimento global acima da média europeia e acima de países como Espanha, Itália, a própria Alemanha e como a França, e para vários deles com diferenças significativas”. Bruxelas estima agora um crescimento para Portugal de 6,5% para este ano.

Fonte: Comissão Europeia; Projeções para evolução do PIB

Fernando Medina expressou várias vezes a análise contrária a quem diz que o crescimento deste ano estimado agora em alta por Bruxelas é por via do país ter tido uma maior queda em 2020, contrariando, assim, a tese dos que dizem que é só recuperação. “Não é uma coisa pequena, é algo muito importante do ponto de vista económico, financeiro”, salientando que o crescimento do turismo é muito importante, tal como Bruxelas já tinha sublinhado.

Em relação à inflação, que Bruxelas antecipa num valor mais elevado agora, e acima das projeções do Governo, Fernando Medina salienta que esta será abaixo da que será registada na Zona Euro. Portugal será “um dos países com inflação mais baixa”, ainda assim “bastante acima do que nós estamos habituados”. E lembrou que em 2023 a taxa descerá.

Fonte: Comissão Europeia

Sobre a inflação, é um elemento com impacto forte na vida das famílias de vários níveis de rendimento, disse, salientando que “tem também naturalmente, um fortíssimo impacto no andamento da economia, e na vida das empresas”. É nesta base que “toda a ação do Governo tem sido dirigida”, disse, assumindo que tem atuado nos vários elementos, falando da mitigação nos preços dos combustíveis, ao apoio aos mais vulneráveis, ao impacto na energia, e algumas medidas com impacto nos rendimentos.

Confrontado com o impacto da inflação nas famílias, Fernando Medina atalhou: “Em circunstância alguma desvalorizo o impacto para as famílias, e os impactos fortes da inflação sobre o quotidiano das famílias”, mas voltou a afirmar que não se pode olhar apenas para a atualização de 0,9% da função pública, já que contabiliza em 2,5% os impactos nos rendimentos dos funcionários nomeadamente com a progressão nas carreiras.

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Paulo Moniz, do PSD, lembrou que o Governo estima uma inflação bem abaixo do que é agora apontado pela Comissão Europeia, confrontando o ministro das Finanças com as medidas para mitigar a subida de preços. No Orçamento do Estado para 2022, o Governo aponta para uma inflação (considerando o índice harmonizado de preços) de 4% para este ano. Bruxelas projeta 6,8%.

Questionado sobre o andamento do PRR, Fernando Medina diz que o Governo está empenhado, nesta fase, no desenvolvimento dos projetos e em colocar os projetos no terreno e avançar. “É isso que é prioridade e não reabrir orientações estratégicas que estão definidas.” E realçou que em Bruxelas recebe a reação de que está em “bom andamento”.

Voltou a dar a tónica da necessidade de ter contas certas, até para estar preparado para o que aí vem, e que as finanças públicas devem ser um ativo para o país e não um problema, reafirmando que os benefícios fiscais estão em revisão. Aliás, esta análise já tinha sido anunciada, e ainda recentemente a secretária de Estado do Orçamento reiterou a análise contínua sobre os benefícios fiscais.

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