O montante de crédito ao consumo aumentou 11,6% em 2021 e o número de contratos cresceu 15,3%, mas o mercado manteve-se aquém dos níveis pré-pandemia, divulgou esta quinta-feira o Banco de Portugal (BdP).

Segundo o ‘Relatório de Acompanhamento dos Mercados Bancários de Credito de 2021’, nesse ano foram celebrados, em média, 116.927 contratos de crédito aos consumidores por mês, aos quais corresponderam cerca 547,1 milhões de euros.

Estes valores representam crescimentos de 15,3% no número de contratos celebrados e de 11,6% no montante de crédito concedido face a 2020 e, nota o BdP, “contrastam com as reduções superiores a 20% verificadas nesse ano, no contexto da pandemia de Covid-19”.

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Apesar desta recuperação, o número de contratos celebrados e o montante de crédito concedido em 2021 representam ainda diminuições de 12,3% e de 13,5%, respetivamente, face aos valores de 2019, antes da pandemia.

De acordo com o banco central, “a recuperação deste mercado ocorreu a partir do segundo trimestre do ano, uma vez que o primeiro trimestre foi ainda afetado pelas medidas de mitigação da pandemia”.

Assim, o montante de crédito aos consumidores concedido diminuiu 28,8% no primeiro trimestre de 2021, face ao período homólogo de 2020, mas nos trimestres seguintes verificaram-se “crescimentos homólogos expressivos, com destaque para o segundo trimestre (mais 83,6%, face a igual período de 2020)”.

No ano passado, o montante de crédito concedido aumentou em todos os tipos de crédito, mas no crédito automóvel o crescimento foi “residual”: No crédito pessoal, o montante de crédito concedido aumentou 19,6% em relação a 2020 e, no crédito ‘revolving’ (renovável), o crescimento foi de 18,8%. Já no crédito automóvel, o crescimento foi de apenas 1,3%.

Como resultado, em 2021 verificou-se uma diminuição do peso relativo do crédito automóvel no total do crédito aos consumidores, tendo este segmento passado a representar 39,2% do montante de crédito concedido (43,1% em 2020).

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Em contrapartida, aumentou a importância do crédito pessoal (de 41,3% do montante concedido, em 2020, para 44,3%, em 2021) e do crédito ‘revolving’ (de 15,6% para 16,5%).

O BdP nota que “o menor dinamismo do crédito automóvel refletiu-se no peso dos intermediários de crédito, segmento em que predomina este canal de comercialização”. Em 2021 representaram 46,9% do montante total de crédito concedido aos consumidores, percentagem inferior à registada em 2020 (50,2%).

Os contratos de crédito pessoal tiveram um montante médio de 6.800 euros em 2021, o que representa um aumento face ao valor médio de 2020 (6.500 euros).

No crédito automóvel o montante médio por contrato aumentou de 14.200 euros para 14.300 euros entre 2020 e 2021, enquanto no crédito ‘revolving’ o montante médio por contrato se manteve inalterado nos 1.400 euros.

No crédito pessoal, os contratos foram celebrados, em média, com um prazo de 4,9 anos, acima dos 4,7 anos verificados em 2020, sendo que, no crédito automóvel, o prazo médio aumentou de 7,3 anos em 2020 para 7,4 anos em 2021.

Quanto ao custo médio dos contratos de crédito aos consumidores, aumentou ligeiramente no ano passado.

A TAEG [Taxa Anual de Encargos Efetiva Global] média aumentou 0,1 pontos percentuais entre o final de 2020 e o final de 2021, tendo contribuído para este aumento a evolução da TAEG média do crédito ‘revolving’ (mais 0,5 pontos percentuais, entre o último trimestre de 2020 e o último trimestre de 2021), uma vez que a TAEG média do crédito automóvel se manteve inalterada e a TAEG média do crédito pessoal diminuiu (menos 0,2 pontos percentuais).