O norte-americano Jim Thorpe, que morreu em 1953, recuperou esta sexta-feira, 110 anos depois, os seus títulos olímpicos do pentatlo e decatlo conquistados em Estocolmo 1912 e que lhe foram retirados por violar as regras amadoras em vigor na época.

“O nome de Jim Thorpe vai aparecer agora como o único medalhista de ouro no pentatlo e no decatlo. É uma situação completamente excecional e única, que o gesto extraordinário de ‘fair-play‘ dos comités olímpicos nacionais em questão tornou possível resolver”, anunciou o presidente do Comité Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach.

O atleta, de ascendência nativa americana, perdeu, um ano mais tarde, em 1913, os títulos conquistados na Suécia quando o Comité Olímpico dos Estados Unidos descobriu que, antes das olimpíadas, tinha recebido dinheiro para jogar basebol.

Jim Thorpe foi bicampeão olímpico aos 25 anos em duas das várias modalidades que praticou. O versátil atleta competiu ainda no futebol americano, basquetebol, natação, andebol, hóquei, tiro, canoagem, ténis, hipismo, squash e tiro com arco.

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Uma pesquisa da televisão ABC, em 2012, revelou que os norte-americanos o consideram como o maior desportista do país do século XX.

Desapossado dos títulos, o norueguês Ferdinand Bie e o sueco Hugo Wieslander, inicialmente segundos no pentatlo e no decatlo, respetivamente, foram então designados campeões olímpicos. Segundo os seus descendentes, Hugo Wieslander nunca aceitou receber a medalha de ouro, reconhecendo o seu adversário como o “legítimo” campeão.

O COI especificou que, agora, o nome de Jim Thorpe aparecerá como o único medalhado de ouro no pentatlo e decatlo, e os de Ferdinand Bie e Hugo Wieslander como medalhas de prata.

Do mesmo modo, o norte-americano James Donahue e o canadiano Frank Lukeman manterão as medalhas de prata e bronze no pentatlo que lhes foram concedidas quando os resultados foram alterados em 1913, tal como os suecos Charles Lomberg e Gösta Holmer, respetivamente prata e bronze no decatlo.

Esta decisão do COI é resultado de uma campanha liderada pela associação Bright Path Strong que entrou em contacto com os comités olímpicos sueco e norueguês, bem como com os descendentes dos que foram declarados campeões olímpicos, no reajuste dos resultados, em 1913.

Thorpe morreu em 1953, aos 64 anos, e 29 anos depois do seu falecimento, em 1982, o COI devolveu as suas medalhas de ouro aos seus filhos, sem, no entanto, alterar os vencedores dos Jogos Olímpicos de 1912, o que está a fazer agora.

Jacobus Franciscus Thorpe nasceu em território indígena do atual estado do Oklahoma e teve duas avós índias. Na língua kichapooé, era chamado de Wha-Tho-Huk — “caminho iluminado” — uma vez que um raio de sol iluminava o lugar onde nasceu em 1887.