Rafael Caro Quintero, conhecido como “o narco dos narcos“, foi capturado pelas autoridades mexicanas quase uma década depois de ter saído da prisão, em 2013. O traficante responsável pelo sequestro e morte do agente da Drug Enforcement Administration (DEA) — órgão de polícia dos EUA especializado no combate ao tráfico de drogas — Enrique “Kiki” Camarena em 1985, foi detido na cidade de San Simon, no estado de Sinaloa, Norte do México.

O co-fundador do cartel de Guadalajara era um dos fugitivos mais procurados do FBI — quem o encontrasse e o localizasse receberia 20 milhões de dólares por parte das autoridades.

As buscas pelo traficante foram retomadas quando se confirmou que “o narco” teria voltado à atividade criminosa, ainda que em menor escala, explicaram fontes oficiais. Foi encontrado com a ajuda de um cão pisteiro, quando se escondia numas montanhas na fronteira de Sinaloa com o estado de Chihuahua. A detenção aconteceu ao meio-dia de sexta-feira e foi levada a cabo pela Marinha e pelo Ministério Público.

De acordo com o The Guardian, já existiam dois mandados de prisão pendentes e um pedido de extradição emitido pelas autoridades dos dos EUA.

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O traficante perdeu, no ano passado, um recurso final contra o pedido de extradição, sendo esse agora o seu destino “o mais rápido possível”, disse outra autoridade mexicana.

As fontes oficiais da marinha mexicana divulgaram um excerto de um vídeo de Caro Quintero no momento em que foi capturado com o rosto distorcido, vestido com umas calças de ganga, uma camisa azul encharcada e um casaco largo, levado pelos braços por elementos armados e com uniformes camuflados.

A operação aconteceu dias depois da reunião entre o Presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, e Joe Biden, na Casa Branca.

“De enorme importância”, diz Juan S. Gonzalez, assessor da Casa Branca para América Latina, sobre o sucesso da detenção do “narco” de 69 anos.

Calo Quintero nascido em 1952, no estado de Sinaloa, berço dos maiores “capos”mexicanos foi um dos principais traficantes da década de 1980. Foi um dos primeiros a traficar drogas para os EUA no auge da atividade do cartel de Guadalajara, que traficava essencialmente cocaína, heroína e canábis.

Em 1985, o “capo” chegou a ser condenado a 40 anos de prisão pelo sequestro e assassinato de “Kiki” Camera, o agente da DEA, chegando a cumprir 28 anos da sua pena até uma decisão de um tribunal mexicano o ter libertado, em 2013, o que originou muita revolta.

Desde a queda de “El chapo”, ou Joaquín Guzmán, um dos assassinos (ou “sicários”) do seu grupo que fundou também o violento cartel de Sinaloa — e que está atualmente preso –, as autoridades dos EUA acusam Calo Quintero de liderar as duas organizações.

Detido. “El Chapo” Guzmán, o maior narcotraficante do México, foi apanhado

O especialista em segurança mexicano Alejandro Hope confirmou que a prisão do “narco” foi feita no âmbito da cooperação entre os dois países. “Este tipo de detenção teria sido impossível sem a participação da DEA”, reforçou.

A relutância do México em extraditar Calo Quintero sempre criou tensão entre os dois lados da história, mas uma fonte ligada às autoridades norte-americanas revelou que, desta vez, em Washington se anseia pela extradição.

O impacto simbólico da captura de Rafael Calo Quintero, um dos maiores “capos mexicanos” e um dos mais procurados pelo FBI, acabou assim por ser significativo dos dois lados da fronteira.