A CIP alertou esta segunda-feira que, apesar de o volume de negócios das empresas portuguesas estar a crescer, a margem está a diminuir, devido ao atual contexto, criticando os níveis de execução das verbas do PRR destinadas ao setor privado.

Distinguimos o que é volume de negócios do que é resultado. Neste momento, o volume de negócios está a crescer, mas a margem, o resultado está a diminuir”, disse o vice-presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), Armindo Monteiro, em conferência de imprensa, para apresentar os resultados do 20.º inquérito realizado no âmbito do projeto “Sinais Vitais”, desenvolvido pela confederação, em parceria com o Marketing FutureCast Lab do ISCTE.

Segundo os resultados do inquérito, divulgados esta segunda-feira, em termos médios verificou-se um aumento de 45% nas vendas e prestação de serviços no primeiro trimestre deste ano comparativamente com o primeiro trimestre de 2019, período anterior à pandemia.

O aumento “foi suportado pelos crescimentos nas grandes, nas médias e nas pequenas empresas”, enquanto, em sentido contrário 35% das empresas que indicaram uma redução de vendas neste período são micro-empresas.

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Os dados do barómetro indicam que as empresas que diminuíram vendas (26%) tiveram uma queda média de 32% do seu volume de negócios e as empresas que aumentaram vendas (45%) tiveram um acréscimo em termos médios de 28%.

Os resultados revelam ainda que, em média, cerca de 35% das empresas registou aumento dos seus custos operacionais entre 16% e 35% e 18% registou aumentos abaixo de 5% nos seus custos.

Questionadas sobre em que medida a empresa está a repercutir o aumento dos custos nos preços de venda, 7% das empresas, em média, referiu que o fez integralmente.

Em termos médios a maioria (46%) referiu que repercutiu moderadamente, ou seja, menos de metade do aumento de custo sofrido”, disse, indicando que esta situação é sobretudo influenciada pelas grandes e pelas médias empresas, com mais de 50% a indicar esta opção.

Já cerca de 25% das empresas indicou não ter efetuado aumento de preços.

“As empresas estão com muito esforço a não repercutir no preço os seus aumentos de custo”, com “o objetivo de travar a inflação, de não entrarmos numa espiral inflacionista”, salientou Armindo Monteiro considerando que tal “é feito à custa do resultado das empresas”.

Há uma degradação do património das empresas”, vincou.

O responsável da CIP criticou ainda a execução das verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), assinalando que do montante destinado ao setor privado “apenas 262 milhões de euros”, isto é, “pouco mais de 5%” está executado, enquanto das verbas previstas para o Estado a percentagem sobe para “quase 50%”.

Armindo Monteiro disse ainda que do valor aprovado para as empresas “até ao momento foram pagos nove milhões de euros, 0,18% é o valor pago”.

De acordo com os resultados, 67% dos empresários e gestores de topo consideram que o PRR não terá significado para a atividade da sua empresa, com 6% a considerar que pode ser significativo ou muito significativo 3%.

Segundo os resultados do barómetro, no início de julho, 84% das empresas consideram que os programas de apoio estão aquém, ou muito aquém, do que necessitam, enquanto “16% consideram que estão à altura das dificuldades”.

“A opinião dos empresários e gestores de topo das empresas face aos programas de apoio, 77% consideram que são burocráticos ou muito burocráticos, sendo que apenas 5% de todos as empresas consideram que são pouco ou nada burocráticos”, refere ainda o barómetro.

Das empresas inquiridas 22% candidatou-se nos últimos três meses a alguma medida de apoio à economia.

Destas 54% não obteve resposta, 41% teve a candidatura aprovada e 5% rejeitada.

Das aprovadas, 58% receberam o apoio e 42% ainda não.

Das 78% empresas que não se candidataram, 41% indicou não preencher as condições necessárias de elegibilidade como motivo e 23% não necessitar.

O inquérito contou com uma amostra de 258 empresas, das quais a maior parte (45%) é do setor da indústria e energia, de outros serviços (23%) e do comércio (10%).