Loulé foi a cidade escolhida para acolher a primeira edição do Festival de Jazz Bernardo Sassetti, que alia educação e programação, e conta com dois concertos diários de “artistas de qualidade”, disse à agência Lusa a diretora artística.

Organizado pela Casa Bernardo Sassetti, o festival vai ter a primeira edição no final da próxima semana, nos dias 28 a 31, e conta com músicos e formações como Salvador Sobral, Daniel Bernardes, Rebecca Martin, a Orquestra Jazz Matosinhos, o quarteto de Mário Barreiros, e os trios de Clara Lacerda, Hugo Lobo, Mané Fernandes, Guilherme Fradinho e Léo Vrillaud, além do Trio Jazz Loulé, abrindo caminho a edições anuais que percorram o país.

A ideia é fazer um festival itinerante, todos os anos numa cidade diferente, de modo a estabelecer uma espécie de rede de municípios, associando sempre a programação a uma vertente formativa, como destaca a responsável.

A diretora artística da Casa Bernardo Sassetti, Inês Laginha, explicou à agência Lusa que o evento surgiu da necessidade de alargar uma “preocupação” central de “inventariar o espólio [do músico e compositor], garantir que não se perdia a disponibilidade pela ‘música do Bernardo’ e incentivar a que ela fosse reinventada e pegada por outros músicos”.

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No âmbito da educação, a Casa mantém um protocolo celebrado com o Conservatório Nacional, que levou à “criação do primeiro curso profissional de jazz em Lisboa”, um passo que classificou como “muito significativo para toda a gente que procura estudar esta arte”, lembrou Inês Laginha.

“Entretanto, no âmbito da programação, surgiu esta ideia de criar um festival e perceber onde faria sentido fazê-lo, porque a casa, por agora, não tem espaço próprio e, mesmo que tivesse, não seria ainda um espaço que pudesse receber grandes públicos”, contou.

A diretor artística disse ter sido nessa altura que Loulé foi sugerida, tanto pela notoriedade que o concelho tem no âmbito da Cultura, como pela necessidade de “descentralizar” a oferta cultural no género musical do jazz e criar novos públicos, mantendo o nome de Bernardo Sassetti associado a estes objetivos.

“E surgiu esta ideia de fazer do festival um festival itinerante, cada edição numa cidade diferente, e criar uma espécie de rede de municípios, envolvendo sempre ou um município ou um espaço ou teatro ou conservatório local, garantindo também que há uma oferta formativa associada ao festival”, frisou.

Inês Laginha disse que a Câmara e os agentes culturais de Loulé acolheram a ideia com “recetividade”, embora com a “preocupação” de “não atropelar” o Loulé Jazz, um festival anual que já se realiza no município, e partiu-se para a realização de uma “edição colaborativa” deste primeiro festival de Jazz Bernardo Sassetti.

A diretora artística adiantou que Lisboa, Porto, Coimbra e ilhas são destinos onde o festival espera estar nas próximas edições, mas sublinhou que “ainda não se sabe por que ordem”.

Em Loulé, o festival arranca no dia 28, e conta com ‘jam sessions’ diárias, uma componente que é “muito importante no desenvolvimento de músicos de jazz”, considerou Inês Laginha, destacando a realização da primeira com o Clara Lacerda Trio.

A mesma fonte apontou os concertos de Mário Barreiros Quarteto e Salvador Sobral, a 29 de julho, como alguns dos espetáculos de “nível altíssimo” que vão poder ser vistos, e nos quais se inclui também “Rebecca Martin, cantautora americana, que vem apresentar o disco que gravou com a Orquestra de Jazz de Matosinhos”.

O trio de Jazz de Loulé atua no último dia, antes de Daniel Fernandes “tocar a música do Bernardo Sassetti”, no encerramento.

Durante o festival vai também ser “anunciado o vencedor da quarta edição do prémio de composição Bernardo Sassetti”, que atribui ao artista selecionado um valor monetário de 1.500 euros, a par de apoio para a edição de um álbum “em nome próprio e um concerto associado ao lançamento desse trabalho”, destacou ainda Inês Laginha.