Moradores do bairro de Massarelos, no Porto, pediram esta segunda-feira ao executivo municipal que faça “de tudo” para que, com a construção na nova ponte do Metro, não fiquem a dormir “debaixo de uma ponte”, devido ao traçado daquela construção.

Façam tudo o que puderem, mas não nos ponham a dormir debaixo de uma ponte”, apelou esta segunda-feira, em lágrimas, Ângela Pereira ao executivo municipal.

Acompanhada do marido, António Pereira, a moradora do bairro de Massarelos reforçou novamente o pedido: “Trabalhamos muito para ficar num buraco”. 

Também António Pereira lembrou o executivo de que a ponte vai passar por cima da entrada da sua casa, situação que considerou “inconcebível”, salientando que os maiores lesados com esta construção “são os moradores”.

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É inconcebível que se construa uma ponte com casas por baixo”, disse, destacando que as “entidades estão-se a marimbar” para os moradores.

A construção da nova ponte sobre o rio Douro, cujo projeto de conceção foi adjudicado a 3 de março ao consórcio liderado pelo Laboratório Edgar Cardoso, deverá arrancar na “primeira metade do próximo ano.

Depois de terem sido conhecidos os finalistas do concurso, em outubro, a Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto contestou as soluções encontradas, alegando que lesavam “questões de defesa da paisagem e salvaguarda patrimonial”.

Aos moradores, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, assegurou que a posição e altura da ponte “não é a mais interessante para o Porto” e que a decisão da Metro do Porto “não tomou em conta” as suas preocupações. 

Eu sabia que classificar a ponte da Arrábida como monumento nacional faria com que, uma futura ponte tivesse de ficar afastada e ir para cima de outros locais”, observou.

Também o vereador do Urbanismo da Câmara do Porto, Pedro Baganha, lembrou que o facto de a quota da nova ponte ser mais alta do que a da Arrábida “implica uma série de conflitos com o bairro de Massarelos e as imediações da via panorâmica entre a Faculdade de Letras e a Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto”.

Em maio, o presidente da Metro do Porto disse à Lusa que o projetista da nova ponte do metro entre Gaia e Porto está a dialogar com o arquiteto Siza Vieira, autor da Faculdade de Arquitetura, sobre a inserção da nova travessia no Campo Alegre.

“Tem havido um trabalho de articulação próximo entre o nosso projetista, o arquiteto da ponte e a equipa de projeto, com o próprio arquiteto responsável pela Faculdade de Arquitetura, o arquiteto Álvaro Siza, no sentido de afinar a implantação da ponte no lado do Porto, como sempre dissemos”, disse à Lusa Tiago Braga.

Segundo o responsável, trata-se de “um trabalho de customização, de pormenor, nomeadamente na inserção no lado do Porto”.

O investimento de 1,12 milhões de euros envolve o desenvolvimento do projeto, tendo a Metro do Porto dito que iria trabalhar “em estreita cooperação” com “todas as partes envolvidas”, como a autarquia e a Universidade do Porto, para estudar a integração urbanística da nova ponte sobre o Douro.