Os associados dos Bombeiros Voluntários do Porto vão votar na quarta-feira, em assembleia geral extraordinária, a constituição de uma comissão administrativa para resolver os problemas da associação nos próximos seis meses, revelou esta terça-feira à Lusa o candidato Rui Morais.

Bombeiro daquela corporação “entre 1984 e 2010”, o associado convocante quer corrigir uma passado feito “de muitas asneiras”, propondo-se liderar uma “comissão de cinco pessoas para levar uma casa com 147 anos para a frente”.

Tiago Machado, advogado dos associados, relatou à Lusa que no “início de julho foram enviadas cartas registadas à presidente da Mesa [Joana Sousa] a pedir a marcação de uma assembleia geral, que não obtiveram resposta” e que assim procederam “tendo em conta todos os desenvolvimentos e o despautério do presidente da direção”.

A corporação vive, há anos, uma situação de acusações de ambas as partes por alegados incumprimentos e irregularidades que fez com que, em junho, o quartel tenha sido fechado por falta de pessoal na central telefónica.

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A 5 de julho ficou com as contas penhoradas devido a incumprimento no pagamento de uma dívida de cerca de 40 mil euros a um bombeiro.

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Na segunda-feira, em reunião da Câmara do Porto, o presidente Rui Moreira anunciou o fim do apoio à associação.

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A convocatória tem a data de segunda-feira e foi marcada para quarta-feira às 21h00 na sede da associação, garantindo o advogado que “não há ilegalidade nenhuma” nesse facto.

“Foi escrito na carta que, caso nada fizesse, estatutariamente iria ser acionada a prorrogativa de associado para que fosse convocada uma assembleia geral extraordinária”, revelou Tiago Machado ainda sobre a informação dirigida a Joana Sousa.

Joana Sousa, contactada pela Lusa, declinou prestar declarações.

“Com a constituição da comissão administrativa (CA) esgota-se o poder da atual direção, cujo mandato já terminou e que se encontra em gestão até 8 de agosto”, sublinhou Tiago Machado, que afirmou desconhecer haver uma “entidade que possa colocar em causa a legitimidade da medida”.

Recordando as medidas decretadas pela direção de Gustavo Barroco de “fechar o quartel aos fins de semana e feriados” o advogado juntou-lhe a recente “não autorização do abastecimento de combustível quando grande parte dos bombeiros estiveram 36 horas a combater nos últimos dias um incêndio em Baião”.

A decisão da câmara de cortar o apoio era esperada e o que ele [Rui Moreira] fez foi muito bem feito quando não existe certeza de que estejam a ser bem utilizados os dinheiros públicos”, acrescentou.

A Lusa tentou obter uma reação de Gustavo Barroco, mas até ao momento não foi possível.

Neste contexto, Rui Morais indicou que a primeira medida da CA “será reunir com os bombeiros e com os credores para tentar obter um acordo que permita nos próximos seis meses começar a pagar as dívidas”, procurando depois “perceber o que existe ao nível de receitas, pois as contas estão penhoradas”.

Sobre as indemnizações ditadas pelo tribunal devidas aos bombeiros e centralistas que ganharam o processo por despedimento ilícito, Rui Morais prometeu “estudar a melhor situação para resolver a situação o mais breve possível”.