A primeira fase marcada pelos cinco encontros disputados à porta fechada na Academia em Alcochete, com quatro vitórias frente a Sporting B (2-1), Vilafranquense (1-0), Estoril (4-0) e Belenenses SAD (2-0). Com jogos com durações diferentes, dois disputados até no mesmo dia, com o objetivo principal de iniciar a consolidação de processos, fazer algumas experiências e ver na competição possível alguns dos jogadores mais novos. A segunda fase com duas partidas consecutivas no Algarve, com empates a um frente a Saint-Gilloise e Villarreal, tendo equipas mais próximas do habitual ainda que divididas por dias distintos, mais minutos de jogo e uma aproximação à versão procurada para a temporada. Agora, a terceira fase.

Porro marcou, Edwards prometeu, a equipa empatou com o Saint-Gilloise (a crónica de mais um teste de pré-época do Sporting)

Três semanas depois do primeiro teste com a equipa secundária verde e branca, Rúben Amorim entrava na última fase de preparação com os três grandes testes de preparação para um início complicado de época, logo com deslocações a Braga e ao Dragão para o Campeonato nas três primeiras jornadas antes da estreia na Liga dos Campeões, e o primeiro era logo contra a Roma de José Mourinho, treinador português com quem estagiou uma semana em Inglaterra há cinco anos quando estava a começar a carreira e o Special One orientava o Manchester United. “Cometendo aqui e acolá alguns excessos, e eu cometi tantos quando era da idade dele, ou até mais velho, mas à boa maneira portuguesa teve-os no sítio, muitas vezes foi líder daquele grupo”, destacou o agora técnico dos romanos sobre o homólogo após o título de 2021.

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Um Marsà em crescendo, um golaço de Pote e mais um empate do Sporting (a crónica do particular dos leões com o Villarreal)

Era apenas um jogo particular, neste caso o oitavo em 20 dias, mas em parte funcionava como algo mais do que isso. Para o Sporting, enquanto equipa, surgia como uma primeira oportunidade mais “a sério” de ter em campo um conjunto que se aproximasse daquele que poderá iniciar a temporada em termos oficiais e trabalhar em cima dessa base para corrigir ou alterar peças diante de Sevilha (dia 24, Troféu Cinco Violinos em Alvalade) e Wolverhampton (dia 30, particular no Algarve). Para Amorim, enquanto treinador, aparecia como primeira oportunidade mesmo não oficial de defrontar aquele que é uma referência. “O Rúben tem uma admiração pelo José Mourinho, que por seu lado respeita muito o Rúben, mas os dois vão tentar esmagar-se dentro do campo pois não gostam de perder nem a feijões”, comentara ao jornal Record António Veloso, professor universitário que acompanhou essa semana de convívio em 2017 em Carrington.

Nem tudo foi testado e o exemplo paradigmático disso mesmo foi a utilização de três unidades móveis na frente com Paulinho no banco (opção ou pequeno problema físico?). No entanto, há já algumas garantias para a nova época: Gonçalo Inácio vai passar preferencialmente para a esquerda, Matheus Reis é dono nesta fase do corredor esquerdo, Ugarte assume-se como substituto natural de Palhinha com uma menor capacidade de recuperação mas com outros argumentos na primeira fase de construção. Depois, e mais uma vez nesta pré-temporada, a constatação de que a melhor contratação é quem estava no plantel: se Pedro Gonçalves chegou do Famalicão com esse nome no verão de 2020 mas rapidamente passou apenas a Pote pela quantidade de golos e manchetes que fez no ano do título, a última época menos conseguida e com problemas físicos à mistura parece ultrapassada e o internacional está a voltar a ser Pote.

Com José Mourinho a apresentar uma equipa que estará também próxima daquela que deverá começar a temporada, tendo os reforços Çelik e Matic (Dybala ainda ficou na bancada) num onze com Rui Patrício na baliza, Spinazzola pela esquerda e Pellegrini no apoio a Zaniolo e Tammy Abraham, Rúben Amorim não ficou atrás e lançou também aquela que poderá ser a base inicial da nova temporada: Franco Israel; Neto, Coates, Gonçalo Inácio; Pedro Porro, Ugarte, Matheus Nunes, Matheus Reis; Pedro Gonçalves, Rochinha e Edwards. Adán será sempre o guarda-redes titular, St. Juste poderá entrar em vez de Neto quando estiver apto fisicamente, Paulinho e Trincão são fortes hipóteses no ataque, mas as ideias estavam lá todas, quase como se fosse um encontro oficial. E em muitos momentos foi quase como um encontro oficial.

Pedro Porro, com um remate de meia distância forte mas à figura de Rui Patrício (sempre a ouvir alguns assobios quando tocava na bola de alguns adeptos leoninos que não terão esquecido a forma como deixou Alvalade após a invasão da Academia), deixou um primeiro sinal de perigo no minuto inicial mas o quarto de hora inicial foi marcado pela forma como os transalpinos conseguiram condicionar a construção dos leões, com pouca bola em Ugarte e Matheus Nunes e raras chegadas ao último terço. Só mesmo aos 14′ a equipa verde e branca voltou a criar perigo com Pedro Porro a lançar Pedro Gonçalves na profundidade, Rochinha a fazer a diagonal para dar espaço ao internacional mas o remate de trivela a ser de novo travado por Patrício para canto, naquela que foi a defesa mais apertada na meia hora inicial (14′).

Ugarte (21′, para defesa fácil) e Rochinha (25′, muito por cima) ainda arriscaram a meia distância numa fase em que o Sporting assumia em definitivo o jogo mas o golo inaugural surgiria de grande penalidade, com Ibañez a carregar Marcus Edwards quando o inglês seguia em velocidade na área na primeira ocasião em que caiu numa ala e deixou o corredor central. Pedro Gonçalves, mais uma vez, assumiu a marcação e fez o 1-0 (29′) mas a vantagem leonina duraria dois minutos, com Gonçalo Inácio a ter um desvio para a própria baliza na sequência de uma bola parada batida por Pellegrini (31′). Apesar de globalmente estar melhor numa partida com demasiadas faltas e paragens, o Sporting empatava ao intervalo (1-1).

Ao contrário de Mourinho, que no descanso trocou quase meia equipa com as entradas de Svilar, Karsdorp, Smalling, Zalewski e Veretout, Rúben Amorim lançou apenas Adán para um lugar que é “seu” na baliza e Francisco Trincão em vez de Rochinha, colocando-se à direita com Edwards e Pedro Gonçalves a trocarem entre meio e esquerda. E a equipa melhorou ainda mais no jogo ofensivo, balanceada também pelo 2-1 de Gonçalo Inácio após um canto marcado na direita por Pote (54′). Foi mais intensa, percebeu melhor onde e quando pressionar os italianos, apresentou mais recursos técnicos para desequilibrar como aconteceu com Matheus Nunes e Trincão, em ambos os casos sem remate final por cortes in extremis da defesa.

No entanto, e quando era o Sporting a dominar os acontecimentos sem que a Roma chegasse ao último terço, os italianos conseguiram voltar a empatar no primeiro golo de bola corrida do jogo que teve como o principal protagonista Abraham, num grande trabalho à direita antes do cruzamento atrasado perante a passividade da defesa verde e branca para o remate sem hipóteses de Pellegrini (69′). Logo de seguida, no lance antes de ser substituído, Edwards rematou com perigo e ainda houve mais uma saída rápida de Pedro Gonçalves com remate a passar perto da baliza de Svilar mas, entre muitas quezílias entre jogadores, haveria tempo para o 3-2 por Bruno Tabata: Ugarte ganhou a bola numa zona mais adiantada, Cristante acabou por assistir o brasileiro de forma involuntária e o esquerdino atirou rasteiro (86′).