A Cruz Vermelha de Cabo Verde lançou esta terça-feira um fundo de emergência de resposta a catástrofes, de 906 mil euros, com medidas para limitar o impacto das sucessivas crises e reduzir a vulnerabilidade das populações de quatro municípios.

O fundo foi apresentado, na cidade da Praia, pelo presidente da instituição humanitária cabo-verdiana, Arlindo de Carvalho, precisamente no dia em que a Cruz Vermelha de Cabo Verde completa 47 anos da sua criação.

O responsável disse que o pacote de 100 milhões de escudos (906 mil euros) faz parte de um programa maior de intervenção, que vai ser um plano estratégico para enfrentar situações de crises no arquipélago.

Lembrando que Cabo Verde sempre em momentos críticos, Arlindo de Carvalho sublinhou que ultimamente a situação é mais crítica, tendo em conta sucessivos anos de seca, a pandemia da Covid-19 e agora guerra na Ucrânia.

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Cabo Verde enfrenta atualmente uma situação de insegurança alimentar que afeta cerca de 30 mil pessoas, na denominada fase três do quadro harmonizado, e há cerca de 1.000 em fase de emergência alimentar, na fase quatro, principalmente na ilha de Santiago.

Nós queremos mitigar ou então travar essa tendência”, prometeu o presidente, esperando evitar que famílias passam para a fase 4, que já é situação de fome, o que, notou, já está a acontecer no país.

Com o apoio da Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, o fundo vai prestar assistência às populações em situações mais críticas do Porto Novo, na ilha de Santo Antão, bem como de São Domingos, Santa Cruz e Ribeira Grande, na ilha de Santiago, através de uma série de ações que arrancam na quarta-feira.

Depois da erupção vulcânica na ilha do Fogo, em 2014 e 2015, esta é a segunda vez que o montante que vai ser disponibilizado vai ser realizado no quadro do Programa de Transferência Monetária, em vez da distribuição de cestas básicas.

Considerando a situação atual e antecipada, era importante que a Cruz Vermelha de Cabo Verde iniciasse uma série de ações de resposta e de preparação, ao mesmo tempo que se instaurassem medidas para limitar o impacto destas crises e reduzir a vulnerabilidade das populações mais em risco”, considerou a instituição.

Tendo em conta a situação atual de crise no país, Arlindo de Carvalho disse que a instituição que dirige já iniciou uma campanha junto dos parceiros nacionais e internacionais, para ajudar o país a enfrentar o atual momento.

“Há sinais muito fortes de que a Cruz Vermelha vai servir de uma plataforma de ajuda às pessoas neste momento muito difícil e particular para os cabo-verdianos”, garantiu, revelando que a instituição humanitária vai ainda lançar um apelo no sentido de programar as ações para os próximos anos.

Para que possamos, de forma contínua, enfrentar os caprichos da natureza aqui em Cabo Verde, mas também levar em consideração os impactos dos fenómenos que são produzidos fora do país”, alertou.

O país vive ainda uma profunda crise económica, após uma recessão de quase 15% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020, face à ausência de turismo provocada pela pandemia de Covid-19, setor que garante 25% do PIB e do emprego.

A economia cabo-verdiana cresceu 7% em 2021, impulsionada pela retoma da procura turística, e previa 6% de crescimento em 2022, projeção, entretanto revista para 4%, devido às consequências económicas da guerra na Ucrânia.

Em 20 de junho, o chefe do Governo declarou a situação de emergência social e económica no país devido aos impactos da guerra na Ucrânia, com medidas de mitigação avaliadas em 80 milhões de euros, dizendo que isso vai permitir ao país mobilizar recursos junto dos parceiros internacionais.