A Austrália e a Nova Zelândia condenaram esta terça-feira a execução de quatro prisioneiros em Myanmar (antiga Birmânia), incluindo ativistas pró-democracia.

“A Austrália é clara e consistente no apoio aos direitos humanos em todo o mundo. Estamos ativamente a considerar sanções contra membros do regime militar em Myanmar”, disse num comunicado a ministra dos Negócios Estrangeiros australiana, Penny Wong.

A homóloga neo-zelandesa, Nanaia Mahuta, também condenou as execuções birmanesas e reiterou a oposição ao golpe militar de fevereiro de 2021, pedindo à junta militar que cesse “a contínua violência contra civis”.

Myanmar realiza primeiras execuções em mais de 30 anos

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A iniciativa foi condenada por vários países, incluindo França, Estados Unidos e Canadá, bem como as Nações Unidas e centenas de organizações não-governamentais locais e internacionais.

A última execução na Birmânia teve lugar em 1988, sob a antiga junta militar que governou o país entre 1962 e 2011, de acordo com a Amnistia Internacional.

Desde a revolta militar, 113 pessoas foram condenadas à morte num país que não tinha revogada a pena, mas onde os condenados viam as suas sentenças trocadas por tempo em prisão, na sequência dos perdões tradicionais concedidos pelas autoridades em datas especiais.

O golpe mergulhou o país numa profunda crise política, social e económica, e desencadeou uma espiral de violência com novas milícias civis.

Mais de dois mil civis foram mortos em resultado de uma repressão brutal por parte da polícia e dos soldados, que dispararam sobre manifestantes pacíficos e desarmados, de acordo com dados compilados pela Associação para a Assistência aos Prisioneiros Políticos, que não contabiliza os mortos durante confrontos armados ou fatalidades ligadas ao regime militar.