O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, pediu esta quarta-feira à União Europeia (UE) para acelerar o aumento das interconexões para transporte de gás entre a Península Ibérica e outros países da Europa, para diminuir a dependência energética europeia da Rússia.

Sánchez sublinhou que Espanha tem “a maior infraestrutura de regaseificação” da UE (30% do total), que pode colocar “à disposição” dos sócios europeus, transformando-se “num hub de gás natural liquefeito” e assim ser uma alternativa ao gás russo “de que dependem muitíssimos países” europeus.

O primeiro-ministro espanhol, que falava em Varsóvia, numa conferência de imprensa ao lado do homólogo polaco, Mateusz Morawiecki, no final de uma cimeira entre os dois países, congratulou-se com o acordo a que chegaram os países da UE na terça-feira com vista à diminuição em 15% do consumo de gás durante o próximo inverno, perante a possibilidade de corte de abastecimento por parte da Rússia, país de origem de 45% do gás importado pelo bloco comunitário.

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O acordo prevê reduções menores de consumo para países como Portugal e Espanha, que não dependem das importações da Rússia (nos dois casos o gás russo representa menos de 10% das compras ao exterior) e que, como explicou Sánchez, têm poucas interconexões com o resto da Europa, sendo a Península Ibérica “uma ilha energética” com capacidades próprias e investimentos relevantes nos últimos anos nesta área.

Também o Governo português, através do ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, pediu na terça-feira o aumento das interconexões ibéricas com o resto da UE para permitir o aumento das exportações de gás para outros países europeus.

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Afirmámos em todas as nossas intervenções que é fundamental a UE colocar o tema das interconexões rapidamente no horizonte de curto prazo porque se Portugal estivesse melhor interligado com o resto da Europa poderia, neste momento, ter um contributo maior naquilo que é a solidariedade que se está a pedir”, afirmou Duarte Cordeiro, em Bruxelas.

Para o primeiro-ministro espanhol, “a Europa sai unida” do acordo de terça-feira e “Espanha vai ser solidária”, manifestando por diversas vezes disponibilidade para exportar mais gás para o resto da UE.

Segundo o primeiro-ministro espanhol, 20% das importações de gás que Espanha recebe nas suas infraestruturas já têm como destino outros países europeus, mas é preciso haver mais interconexões para aumentar esta percentagem.

A ofensiva militar da Rússia contra a Ucrânia, iniciada a 24 de fevereiro, desencadeou sanções europeias a Moscovo a que o regime russo tem respondido com ameaças em relação ao fornecimento de gás.

A UE importa 90% do gás que consome, sendo a Rússia responsável por cerca de 45% dessas importações.