Uma viagem desgastante, longas filas de espera no aeroporto de Eugene para seguir para Denver, regresso a Portugal feito durante a noite com chegada de manhã. Como é habitual, o aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, voltou a contar com muitos jornalistas para receber a comitiva nacional que esteve presente nos Campeonatos do Mundo de atletismo, nos EUA. Todos saíram pela habitual porta, num grupo grande que esteve à espera das bagagens para passar em conjunto por essa rampa. Todos menos um, o novo campeão mundial Pedro Pablo Pichardo. O atleta e o pai e treinador, Jorge, abandonaram por uma saída lateral.

A melhor marca do ano a abrir, a festa a fechar: Pedro Pablo Pichardo sagra-se campeão mundial do triplo salto

“Tivemos várias dificuldades de embarque, com três horas de atraso, não havia certeza se as bagagens vinham connosco… O Pedro [Pablo Pichardo] está muito cansado, fez uma viagem que o deixou extremamente cansado, está desgastado. Hoje não está em condições, deem-lhe um bocadinho para descansar e a curto prazo ele estará disponível para falar com todos vocês”, começou por explicar Luís Pereira, chefe da comitiva que esteve presente nos Mundiais de Eugene, perante a ausência do saltador.

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“Mal-estar entre Pichardo e a Federação Portuguesa de Atletismo? Não, nada. Fui eu que o recebi em Eugene, no dia 15, chegou tardíssimo e, desde então, tivemos um relacionamento espetacular, com muito diálogo, conversámos bastante. No dia da competição, como puderam ver pelas imagens televisivas, depois de vencer, a seguir ao abraço ao treinador, foi ter com o líder da comitiva [o próprio Luís Pereira]. Dedicou sempre a medalha ao povo português e à Federação Portuguesa de Atletismo, não há qualquer tipo de mal-estar, estamos em perfeita sintonia. O que aconteceu foi que o Pedro chegou muito cansado. Ele tem falado sempre aos portugueses, está agradecido pela forma como tem sido integrado e como o País o acolheu. Ele está com cansaço extremo e quer apresentar-se aos portugueses como se apresentou em pista”, acrescentou ainda o responsável da Federação de Atletismo a propósito de uma ausência que não tinha acontecido após outras conquistas internacionais, nomeadamente nos Jogos Olímpicos de Tóquio.

Pedro Pichardo. “Esta medalha é de Portugal”

Ficava assim a dúvida sobre a presença de Pedro Pablo Pichardo estaria presente no Estádio da Luz, que recebia esta terça-feira a Eusébio Cup entre o Benfica e os ingleses do Newcastle. No entanto, e na altura do intervalo, o atleta marcou mesmo presença para ser homenageado pelos encarnados depois de mais uma vitória numa grande competição, tendo não só sido chamado ao relvado como feito de seguida uma volta olímpica pelo estádio tirando fotografias e dando autógrafos aos adeptos presentes no piso 0.

Juntou as mãos na apresentação, fulminou a concorrência, olhou para as bancadas e mostrou que estava ali: o ouro de Pichardo, em imagens

“É muito bom estar aqui, é como estar em casa. O Benfica é a minha casa. Estou grato ao Benfica sempre. Graças ao Benfica consegui atingir os meus objetivos. Devo toda a minha carreira ao Benfica. Muito obrigado! Salto? Sim, foi um salto muito bom e logo no começo, ainda melhor”, disse à BTV.

Agora, Pedro Pablo Pichardo vai trabalhar tendo em vista a presença nos Campeonatos Nacionais de Clubes que se realizam este fim de semana em Leiria, prova para a qual está inscrito pelo Benfica para somar os oito pontos na competição de triplo salto que permitam ajudar os encarnados a somar o 12.º título no setor masculino. Depois, a meio de agosto, chegam os Europeus ao Ar Livre (a sobreposição de competições ainda está relacionada com os adiamentos devido à pandemia), uma grande oportunidade para somar mais um triunfo mantendo o plano de participar na competição. De referir que, por ser um evento muito próximo dos Mundiais, alguns atletas já admitiram a possibilidade de abdicar do mesmo.

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