O ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, João Gomes Cravinho, defendeu esta quinta-feira o aprofundamento das relações entre Europa e África, argumentando que “os tempos de disrupção propiciam o envolvimento, diversificação e integração” entre os dois continentes.

Há três dimensões cruciais que devem continuar a ser a âncora das relações europeias com África: envolvimento, diversificação e integração”, disse João Gomes Cravinho, no discurso de abertura do Fóum Eurafrica, que decorre hoje e sexta-feira em Carcavelos, nos arredores de Lisboa.

No discurso, o ministro passou em revista os principais aspetos das relações entre os dois continentes, salientando as vantagens do aprofundamento da relação entre Europa e África e mostrando que a ligação entre os dois blocos económicos é mutuamente vantajosa.

Sobre o aprofundamento do envolvimento que considerou ser necessário, o governante reconheceu que “África é, hoje, uma arena chave de interesses concorrentes e rivalidades geopolíticas”, exemplificando com a realização da segunda cimeira Rússia-África, no próximo ano, e com a cimeira EUA-África, em dezembro, em Washington, além da China, que “continua a manter um diálogo de alto nível” com os líderes africanos.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Os governos europeus, apontou, têm aumentado o envolvimento com o continente, o que é “uma oportunidade a aproveitar porque é um pré-requisito para um nível maior e mais profundo de compreensão, que por sua vez é a base para fazer mais e melhor juntos”, defendeu.

Gomes Cravinho elencou como principais fragilidades a crescente insegurança alimentar, as capacidades sanitárias subdesenvolvidas, a primeira recessão em mais de 25 anos, um crescente e insustentável peso da dívida, a necessidade de diversificar os fornecedores europeus de energia e a vulnerabilidade global a campanhas de desinformação sobre o conflito na Ucrânia e a vacinação contra a Covid-19.

No discurso de abertura do Fórum Eurafrica, Gomes Cravinho salientou ainda que “em tempos de disrupção, África e Europa podem juntar-se e investir à escala adequada para construir capacitação e responder aos défices prementes”.

É preciso, vincou, “aumentar a capacidade produtiva para África, incluindo produtos de maior valor acrescentado”, concluindo que “a proximidade geográfica, o forte registo histórico do investimento no desenvolvimento, e o ambiente linguístico partilhado tornam África uma plataforma competitiva de produção para a Europa, em comparação com locais que estão mais distantes”.