Dois homens dispararam num bar no centro do Porto, durante a madrugada desta quinta-feira, e fizeram três feridos, confirmou fonte da Polícia de Segurança Pública (PSP) ao Observador.

De acordo com a mesma fonte, por volta das 4h da manhã dois suspeitos encapuzados e armados entraram num estabelecimento na rua da Torrinha e efetuaram vários disparos.

Os três feridos foram encaminhados para o hospital com ferimentos ligeiros. Segundo o Jornal de Notícias, dois dos feridos — um com um ferimento na nádega e outro no braço — já tiveram alta, o terceiro ferido, alvejado no peito e numa perna, teve de ser operado e encontra-se ainda internado.

Por se ter tratado de um crime com utilização de armas de fogo, a investigação está agora a cargo da Polícia Judiciária.

Comerciantes contam que negócio tem “ambiente de cortar à faca” e reclamam mais segurança na rua

Quem passa pelo número 220 da rua da Torrinha na tarde desta quinta-feira não consegue imaginar o alvoroço que se sentiu naquela zona da cidade durante a madrugada. À porta do Diamond Sishas Bar, que anunciou nas suas redes sociais, sem mencionar o incidente, que se encontrará fechado para obras de remodelação até dia 3 de agosto, o ambiente é calmo. As esplanadas vizinhas estão a meio gás e os negócios do outro lado da rua funcionam normalmente.

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“Quando cá cheguei em 2018 aquele espaço era uma hamburgueria, meses antes da pandemia começar abriram este bar com uma nova gerência. O ambiente é de cortar à faca”, começa por contar ao Observador um responsável de uma loja de antiguidades situada do outro lado da rua, que preferiu não ser identificado com receio de represálias.

Esta foi a primeira vez que existiram tiros naquela zona, mas os desacatos à porta deste bar não são novos. “A polícia já chegou a fechar a rua por causa da pancadaria dos clientes. Às 19h, antes de fechar a loja, já oiço discussões cá fora, carros de alta cilindrada a pararem em frente à porta, e depois no dia seguinte oiço os relatos de vizinhos a queixarem-se do barulho e carros sem rodas. Sinceramente, ainda não sei como é que ainda não me partiram o vidro da montra.”

As verdadeiras causas destas discussões são desconhecidas para a maioria dos moradores e comerciantes, mas segundo este proprietário a presença da polícia na rua é “praticamente zero” e devia ser reforçada, tanto durante o dia como durante noite, funcionando como prevenção. “Trabalho durante o dia e para já não sinto que isto dificulte o meu negócio, mas esta zona da cidade está muito mal frequentada desde que este bar abriu”, recorda.

“Quando cheguei aqui às 6h30 da manhã ainda vi a polícia ali à porta”, conta um funcionário da padaria Snopão, que também preferiu não ser identificado. O empregado confirma que não é a primeira vez que existem “confusões” na zona com pessoas que frequentam este bar. “Nós fechamos às 20h, mas já vi muitas discussões e alarido. Eles fecham às quatro ou cinco da manhã, os vizinhos queixam-se do barulho que eles fazem, acho que já comunicaram à câmara, mas continuam abertos praticamente a noite toda”, partilha ao Observador.

Apesar de não conhecer quem gere este negócio noturno, o funcionário acredita que o estabelecimento é frequentado por “grupos rivais bastante violentos”, pessoas que não vivem no Porto e que estão “ligadas a negócios da noite e de droga”. “O melhor era mesmo fechar isto”, sublinha.

O Observador contactou a câmara municipal do Porto que confirmou quatro pedidos de intervenção de vizinhos do estabelecimento Diamond Shishas Bar, acrescentando que o “processo se encontra em fase de avaliação”.