Um tribunal russo multou Marina Ovsyannikova, jornalista e ex-produtora do Canal 1 russo, em 50.000 rublos (cerca de 808 euros) por “desacreditar as Forças Armadas” do país. Segundo a Sky News, em causa estão publicações nas redes sociais em que condenou a invasão russa.
“As evidências confirmam a culpa de Ovsyannikova. Não há razão para duvidar da sua autenticidade”, afirmou o juiz, citado pela Reuters.
Durante a sessão de julgamento, Ovsyannikova recusou-se a retirar o que tinha defendido e disse que não compreendia porque estava a ser acusada.
O que se está aqui a passar é absurdo (…) A guerra é um horror, sangue e uma vergonha.”
A jornalista disse ainda que o propósito do julgamento era “intimidar” todos aqueles que se se opõem à guerra na Ucrânia. Também não faltaram críticas ao país, que descreveu como um estado agressor: “O começo desta guerra é o maior crime do nosso governo”.
A jornalista, filha de pai ucraniano e mãe russa, ficou conhecida quando, em março, interrompeu o noticiário da noite para protestar contra a invasão da Ucrânia. Imagens que circularam nas redes sociais mostram-na a segurar um cartaz onde se lê, em russo: “Parem com a guerra. Não acreditem na propaganda. Aqui, estão a mentir-vos”.
Jornalista interrompe noticiário russo com cartaz contra a guerra: “Não acreditem na propaganda”
Assim que apareceu em direto, a transmissão foi interrompida e a imagem foi substituída por uma peça jornalística. Na altura foi detida pelas autoridades russas e apareceu no dia seguinte no tribunal do distrito de Ostankino, em Moscovo. Foi posteriormente libertada, mas acabou por pagar uma multa de 30.000 rublos (cerca de 475 euros) por desrespeitar as leis de protesto russas.
Esta foi apenas a primeira vez que a jornalista, que por sua vontade deixou o canal de televisão, foi detida. Em julho voltou a ser presa sob suspeita de ter “desacreditado” o exército, mas foi libertada após algumas horas.
Libertada jornalista russa que mostrou cartaz contra a guerra na TV
A audiência desta quinta-feira foi motivada por subsequentes publicações nas nas redes sociais nas quais escreveu que os responsáveis pelas ações da Rússia na Ucrânia seriam julgados por um tribunal internacional.