Primeira decisão da temporada no futebol nacional, primeira tomada de posição na nova época que trouxe lutas antigas à baila. Pinto da Costa, presidente do FC Porto, mostrou esperanças numa final da Supertaça entre os dragões e o Tondela, agora despromovido à Segunda Liga, “que possa ser um excelente espetáculo desportivo e que termine com mais uma vitória do clube que detém a hegemonia desta competição”. No entanto, e à luz da realização do encontro em Aveiro, o líder portista não deixou de criticar a centralidade existente no país, colocando no lançamento do jogo de sábado o futebol como um caminho para “dar um exemplo de democracia num país em que esta ainda não se cumpre plenamente”.

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“Num país estupidamente centralizado, é um raro motivo de satisfação verificar que um importante título de futebol vai ser discutido em Aveiro entre uma equipa do Norte e outra do Centro. São várias as razões que fazem do futebol uma atividade muito importante para a economia e a sociedade portuguesas”, começa por dizer na mensagem divulgada no programa oficial da Federação de Futebol para a Supertaça.

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“Goste-se ou não, é o futebol que mais contribui para  levar o nome do país a todo o mundo. Goste-se ou não, salvo muito raras exceções, são figuras do futebol os portugueses mais reconhecidos. Goste-se ou não, é o futebol que permite aos políticos, muitas vezes, aparecerem publicamente a associarem-se a sucessos para os quais não contribuíram, mas que tentam capitalizar em popularidade. Goste-se ou não, o futebol, asfixiado em impostos, representa uma atrativa fonte de receitas para o Estado. Goste-se ou não – e há cada vez mais gente que não gosta, não tenho dúvidas –, é o futebol que muitas vezes está na linha da frente das lutas contra muitas injustiças, nomeadamente as que provocam desequilíbrios insustentáveis entre os diferentes territórios do país”, prosseguiu, visando vários pontos da sociedade.

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“Um FC Porto-Tondela disputado em Aveiro é mais uma prova de como o futebol pode estar à frente e dar um exemplo de democracia num país em que esta ainda não se cumpre plenamente. Ao contrário do que muitos gostariam, a democracia não se esgota nas eleições. Portugal só será plenamente democrático quando houver igualdade de oportunidades para todos os cidadãos em todo o país. Tenho a certeza de que esta Supertaça vai contribuir para a felicidade de muita gente de muitos sítios cronicamente esquecidos”, reforçou a propósito da abertura oficial da temporada 2002/23 a nível nacional.

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“A minha expectativa, naturalmente, é que além deste pequeno contributo para atenuar injustiças flagrantes este jogo também possa ser um excelente espetáculo desportivo e termine com mais uma vitória do clube que detém a hegemonia desta competição”, concluiu Pinto da Costa.