A Rússia dará uma resposta “simétrica” ao aumento da presença militar da NATO na Finlândia e na Suécia, na sequência da adesão dos dois países nórdicos à Aliança Atlântica, declarou esta quinta-feira o vice-presidente do Conselho de Segurança russo.

Segundo Dmitri Medvedev, também ex-Presidente e ex-primeiro-ministro russo, a Finlândia e a Suécia podem optar “diferentes formas” de instalação da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), podendo aceitar a criação de bases nos respetivos territórios, contendo armas ofensivas.

“A nossa resposta será simétrica a estes passos”, disse Medvedev à imprensa, depois de uma reunião dedicada à segurança da fronteira noroeste e no contexto da possível entrada de Estocolmo e de Helsínquia na NATO.

Na reunião, que decorreu na região russa da Carélia, noroeste da Rússia e na fronteira com a Finlândia, estiveram também presentes o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, Valery Gerasimov, o chefe dos serviços de segurança russos (FSB), Alexander Bortnikov, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, Alexander Grushko, e o chefe do Serviço de Espionagem Estrangeira (SVR), Sergey Naryshkin.

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“A decisão sobre a entrada da Finlândia e da Suécia na NATO não reforça a segurança da região. Pelo contrário, torna a situação mais difícil uma vez que se trata de garantir a segurança de todos”, defendeu Medvedev.

Em geral, isso deteriora inquestionavelmente a segurança na região do Báltico, que se torna essencialmente um mar dominado pela NATO. A reação da Rússia a esses eventos será a que for necessária e suficiente. Tenho a certeza de que seremos capazes de proteger os interesses do nosso país e garantir a segurança dos nossos cidadãos com os meios necessários”, acrescentou.

Medvedev sublinhou que Moscovo irá rever a “Doutrina Paasikivi-Kekkonen”, do antigo Presidente finlandês, Juho Kusti Paasikivi (1946/56), e continuada pelo sucessor Urho Kekkonen (1956/81), datada de 1948, que tem como objetivo a sobrevivência da Finlândia como um país capitalista independente, soberano, democrático e próximo da antiga União Soviética (extinta em 1991).

As relações com a Suécia neutra também irão ser revistas”, acrescentou.

Tanto a Finlândia como a Suécia solicitaram a adesão à NATO após o início da ofensiva militar russa na Ucrânia, em fevereiro deste ano, apesar de tradicionalmente se oporem à adesão à Aliança Atlântica.

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Medvedev visitou o posto fronteiriço de Vyartsilya, junto à fronteira com a Finlândia, onde inquiriu sobre o fluxo de transporte de carga entre os dois países, reduzido a um oitavo devido às sanções contra a Rússia.

“Mais tarde ou mais cedo, o fornecimento de mercadorias será retomado. Ninguém cancelou o dinheiro”, afirmou Medvedev, expressando a convicção de que a quebra no comércio é um “fenómeno temporário”.

A Suécia e Finlândia, que garantem provisoriamente o estatuto de países “convidados”, apenas irão tornar-se membros de pleno direito da NATO após a ratificação dos protocolos de acesso pelos parlamentos dos 30 países que atualmente integram a Aliança Atlântica.

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