A Iniciativa Liberal (IL) de Loures pediu a suspensão do projeto do Metro Ligeiro de Superfície, que deveria ligar este concelho a Odivelas em 2025, alertando para atrasos e “riscos de descarrilamento orçamental” do projeto.

“Em julho de 2022 e a poucos meses do arranque da obra, não temos traçado definido, temos uma derrapagem orçamental a caminho dos 100% e uma derrapagem no tempo previsto de conclusão de obra de 33%. Todos estes fatores colocam em causa o financiamento através do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR)”, sublinhou a IL numa moção, que foi rejeitada pelos restantes partidos.

O partido defendeu a suspensão do Metro até à apresentação à Assembleia Municipal de um orçamento retificativo do projeto, a garantia do financiamento dos valores que vão além do PRR, a apresentação de um estudo de viabilidade financeira do metro, a realização de consultas públicas por freguesia e a disponibilização de um cronograma em tempo real para acompanhamento dos trabalhos.

A IL citou declarações do vereador socialista de Loures Nuno Dias para destacar que o orçamento da obra está já previsto em 450 milhões de euros, “um aumento de 200 milhões, face ao orçamento inicial“, numa fase em que “não está garantido o financiamento da obra, sejam os cerca de 100 milhões estimados para os valores atuais da inflação sejam os 40 milhões que são da responsabilidade do município“.

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Por outro lado, os liberais de Loures realçam que a obra serve apenas parte da população da Freguesia de Loures e da União de Freguesias de Santo António dos Cavaleiros e Frielas, quando “poderia e deveria ser um fator de desenvolvimento económico e social” para o concelho, beneficiando “todos os lourenses, sem exceção, sem ser um problema financeiro gerador de dívida pública incomportável, para as gerações atuais e vindouras”.

“Num projeto envolto ainda em tanta incerteza, cuja concretização não está garantida e num cenário de crise com impacto direto na vida financeira das famílias, não podemos de forma leviana compactuar com a criação de dívida para os nossos filhos, netos e bisnetos”, considerou o partido.

O “protocolo de cooperação para o desenvolvimento de uma rede de Transporte Coletivo em Sítio Próprio (TCSP), em modo de Metro Ligeiro de Superfície (MLS)”, foi assinado em 5 de julho de 2021 pela Câmara Municipal de Loures e pela Câmara Municipal de Odivelas, num evento público que contou com a presença do primeiro-ministro, António Costa.

O protocolo previa a cooperação dos dois municípios e do Governo para ligar Loures e Odivelas por um metro ligeiro de superfície até 2025, num investimento de 250 milhões de euros, totalmente financiados através de fundos europeus provenientes do PRR, segundo anunciou então o Governo.

Segundo a IL, de acordo com o portal oficial “Mais Transparência” já terão sido adjudicados 32,5 milhões de euros, 13% do valor inicialmente orçamentado, quando o prazo de execução dos contratos com as empresas para a viabilidade ambiental do projeto já terminou, sem que exista ainda “estudo de viabilidade ambiental, nem qualquer informação sobre quando ocorrerá o término do mesmo”.

“Estamos às portas de 2023, ano em que tem de começar a construção da obra, e ainda não existem estudos, nem uma linha traçada definitiva”, destacou, temendo que atrasos na conclusão da obra impliquem perder o seu financiamento através do PRR.