O sistema elétrico português está a mostrar uma grande resistência à crise energética, defendeu o presidente executivo da EDP, com os consumidores portugueses (famílias sobretudo) a beneficiarem. No entanto, Miguel Stiwell de Andrade também antecipa que a energia vai manter-se durante algum tempo.

Numa apresentação feita aos analistas sobre os resultados semestrais, o gestor da EDP sublinhou também que mesmo com um nível de chuva normal no último trimestre do ano, a produção hidroelétrica vai ficar abaixo dos valores normais porque é necessário recuperar de um grau de armazenamento muito baixo provocado por um ano historicamente seco.

EDP já tem lucros (caíram 11% para 306 milhões), mas perde em Portugal com a “maior crise hídrica” em décadas

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O presidente da EDP atribui uma parte da resiliência do sistema elétrico nacional a preços altos à grande penetração de energia renovável e por contratos com tarifas fixas que estão a sair mais baratos do que a energia comprada no mercado grossista. E destacou a regulação em Portugal que tem estado “muito estável e positiva para os consumidores”. E apontou Portugal como um bom exemplo porque é um sistema que tem uma grande penetração de energia renovável, sobretudo eólica. São os contratos com tarifas feed-in (fixas) destes produtores que, apesar de indexados à inflação, estão a trazer uma sobrecompensação ao sistema, permitindo uma estabilidade para os consumidores domésticos. No passado, estes contratos representavam um sobrecusto.

“Neste contexto de preços altos, os portugueses estão a pagar menos” — numa referência à descida de 2,4% da tarifa regulada em julho. E ao mesmo tempo a dívida tarifária está a cair e deverá ficar totalmente paga em 24 meses, admitiu o gestor.

Os lucros da EDP caíram 11% até junho para 306 milhões de euros, mas a empresa ainda regista perdas de mais de 100 milhões de euros em Portugal, uma situação atribuída pela queda acentuada da produção hidroelétrica. A elétrica prevê que o forte desempenho do segundo trimestre, depois de prejuízos apresentados em março, prossiga na segunda metade do ano e antecipa lucros recorrentes acima dos registados em 2021.

As estimativas da empresa baseiam-se contudo numa retoma da geração hídrica no último trimestre do ano, em linha com um registo normal de chuva num ano que tem sido historicamente seco. A EDP admite contudo nas suas estimativas que mesmo com chuva normal, a produção hidroelétrica vai ficar abaixo do normal porque será necessário recuperar os níveis de armazenamento nas barragens.

Apesar da “montanha russa” que tem sido este ano, a EDP acredita que está no “bom caminho”, com Miguel Stilwell de Andrade a destacar a forte recuperação depois de um trimestre muito fraco.” Estamos otimistas de que vamos ter bons desenvolvimentos nas redes e nas renováveis”.