A concelhia do PS, partido que está na oposição da Câmara de Coimbra, manifestou esta quarta-feira a sua solidariedade para com os trabalhadores que cumprem uma greve esta semana nos Transportes Urbanos, acusando o atual executivo de os abandonar.

Estamos no terceiro dia da greve convocada pelo Sindicato Nacional dos Motoristas e Outros Trabalhadores (SNMOT) e não se vislumbra qualquer ação negocial do executivo municipal junto dos trabalhadores”, afirmou esta quarta-feira a concelhia do PS, em nota de imprensa enviada à agência Lusa.

A greve nos Serviços Municipalizados dos Transportes Urbanos de Coimbra (SMTUC) arrancou na segunda-feira e estende-se até 7 de agosto, sendo aplicada às duas primeiras horas e duas últimas horas de cada serviço para todos os assistentes operacionais daquela entidade, com os trabalhadores a exigirem o cumprimento do acordo coletivo de trabalho.

A concelhia socialista critica a indiferença “total” do executivo face aos problemas que a greve causa às pessoas, considerando que os SMTUC foram “abandonados”.

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Este ACEP [acordo coletivo de trabalho] foi aprovado, por unanimidade, na reunião da Câmara Municipal de 12 de julho de 2021 [quando o PS liderava o executivo], concluindo, com sucesso, um processo negocial inédito com todos os sindicatos representativos dos trabalhadores municipais”, recordou o PS, salientando que quer o presidente da Câmara, José Manuel Silva, quer a vereadora Ana Bastos, na altura na oposição, votaram favoravelmente ao acordo.

Para o PS, o atual executivo — liderado pela coligação Juntos Somos Coimbra (PSD/CDS/Nós, Cidadãos!/PPM/Aliança/Rir/Volt) — dá “o dito por não dito, dizendo uma coisa e fazendo outra completamente diferente”.

A concelhia socialista alega ainda que a proposta de internalização dos SMTUC seria uma “última manobra” para impedir a aplicação do acordo, considerando que, com essa medida, as cláusulas presentes no ACEP que se referem aos Transportes Urbanos cairiam.

Recentemente, a Câmara de Coimbra notou que em oito anos não houve greves nos SMTUC, sendo o atual executivo confrontado agora com uma greve, apesar da sua “total e constante disponibilidade para o diálogo”.

A única exigência não atendida apresentada pelo SNMOT, se fosse aceite, traria impactos económicos avultados e incomportáveis para os SMTUC, quando os mesmos já se deparam com um défice de mais de 2 milhões de euros (para além dos 6,8 milhões já assumidos pela Câmara de Coimbra)”, acrescentou.

Na nota, o PS vinca também o facto de a greve acontecer quando ainda não foi completado sequer o primeiro ano de mandato do atual executivo, quando nos oito anos anteriores não houve “uma greve nos SMTUC”.

No entanto, chegou a ser marcada uma greve para o dia das eleições autárquicas, em 2017, exigindo uma tabela salarial própria e um sistema de avaliação próprio para os motoristas, que acabou desconvocada, após uma reunião com o executivo na altura liderado por Manuel Machado.

Cerca de dois anos depois, em 2019, uma dezena de trabalhadores manifestou-se numa cerimónia onde estava o então ministro do Ambiente e Transição Energética, João Matos Fernandes, com as mesmas exigências.

Sancho Antunes, da Comissão de Trabalhadores dos SMTUC, criticava na altura Manuel Machado por fazer “zero” depois de prometer ajudar os funcionários nessa questão, que está dependente do Governo.