A Comunidade Intermunicipal (CIM) do Douro exigiu ao Governo medidas de apoio “urgentes” para atenuar os prejuízos sentidos pelas populações, empresas e os municípios de Murça, Alijó e Carrazeda de Ansiães, recentemente atingidos por grandes incêndios florestais.

“A CIM Douro pretende que o Governo disponibilize à região apoios extraordinários por forma a atenuar os graves prejuízos económicos que as populações estão a enfrentar e que cujos efeitos se prolongarão pelos próximos meses”, salientou hoje em comunicado enviado à comunicação social.

A pretensão da comunidade intermunicipal, que representa 19 municípios durienses, foi dada a conhecer ao Governo através de uma “carta formal” enviada aos ministérios do Ambiente e da Ação Climática, da Agricultura e da Alimentação, da Administração Interna e da Coesão Territorial.

A CIM solicita que sejam concedidos, com a “máxima urgência”, apoios para os municípios afetados pelos incêndios florestais de grandes dimensões ocorridos no mês de julho, nomeadamente Murça e Alijó, no distrito de Vila Real, e Carrazeda de Ansiães, no distrito de Bragança.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“O fogo rural do passado dia 17 de julho, em Murça, foi um dos mais violentos de que há memória no território da CIM Douro, originou a perda de vidas humanas e um volume elevado de danos e prejuízos, quer na floresta, quer nas explorações agrícolas, pecuárias e infraestruturas públicas”, segundo é referido no comunicado.

Entre 17 e 21 de julho um incêndio que começou em Cortinhas, Murça, evoluiu também para Vila Pouca de Aguiar e Valpaços.

O relatório da estimativa dos prejuízos, a que a agência Lusa teve acesso, revela que, em Murça, o incêndio afetou mais de 30% da área territorial total do concelho.

Durante este incêndio, um casal com 69 e 72 anos da aldeia de Penabeice morreu, depois do carro onde seguiam ter caído numa ravina. Foram encontrados já mortos e as causas do acidente estão a ser investigadas pela GNR.

Casal emigrante morre em incêndio em Murça. “É uma situação completamente dramática, metade do concelho ardeu”

Para a CIM Douro, a “dimensão deste incêndio, o impacto negativo na economia e o impacto social que traz à população de Murça e à região, obrigam a que sejam desencadeadas medidas de urgência em vários domínios de apoio às populações, empresas e municípios”.

A comunidade intermunicipal pede que seja feita uma “rápida estabilização de emergência na área ardida, corte e venda de material lenhoso, proteção de linhas e pontos de água, garantir a segurança na circulação na rede viária e caminhos florestais e agrícolas afetados, dado o risco de queda de arvoredo”.

Reclama ainda medidas de “resposta de emergência destinadas a compensar financeiramente as perdas, e, outras capazes de relançar a atividade económica (floresta, agricultura, pecuária e outras) e nas infraestruturas (viárias, municipais e de proteção civil), visando assegurar as condições básicas para reposição da normalidade da vida das populações“.

Depois, reivindica a implementação de medidas de “prevenção que minimizem o risco de incêndios, com intervenção ao nível da floresta, agricultura, pecuária e da proteção civil”.

E, por fim, pede a introdução de “medidas capazes de dinamizar a economia da região, através de um projeto-piloto inovador de ordenamento e gestão da paisagem e valorização dos recursos endógenos”.

Para a CIM Douro este incêndio rural “configura uma situação excecional, que exige a aplicação de medidas igualmente extraordinárias, tal como sucedeu no passado”, referindo-se aos incêndios de 2017.

“As medidas e avisos existentes, concretamente para a floresta, agricultura, pecuária e infraestruturas públicas, ou não existem ou são claramente insuficientes para dar resposta à calamidade. Neste sentido, é de todo urgente a abertura de novos avisos e linhas de apoio direto às populações, empresas e municípios afetados“, defendeu.

Esta posição foi tomada por unanimidade dos dezanove autarcas que constituem a Comunidade Intermunicipal do Douro.

Fazem parte da CIM os municípios de Alijó, Armamar, Carrazeda de Ansiães, Freixo de Espada, Freixo de Espada à Cinta, Lamego, Mesão Frio, Moimenta da Beira, Murça, Penedono, Peso da Régua, Sabrosa, Santa Marta de Penaguião, São João da Pesqueira, Sernancelhe, Tabuaço, Tarouca, Torre de Moncorvo, Vila Nova de Foz Côa e Vila Real.