Quase 90 milhões para o Manchester City por Gabriel Jesus e Zinchenko, mais 35 milhões ao FC Porto por Fábio Vieira, a aposta num jovem lateral brasileiro tido como uma das grandes promessas na posição na América do Sul (Marquinhos). Sem muitas contratações, Mikel Arteta tentou preencher as lacunas que tinha trocando ainda de avançado depois da saída de Lacazzette e de lateral esquerdo após o empréstimo de Nuno Tavares. Contas feitas, a grande mudança acabou mesmo por ser o equipamento alternativo, este ano num invulgar cor de rosa que quase pareceu servir de talismã para uma viragem na história recente.

No primeiro encontro do Campeonato inglês, os gunners conseguiram derrotar fora o Crystal Palace do antigo capitão e herói Patrick Vieira (aliás, os últimos minutos foram passados com a bancada dos adeptos visitante a cantar o nome do ex-campeão) e terminaram com os habituais maus arranques de época como no ano passado onde a equipa passou as rondas iniciais em lugares de descida. Todavia, este jogo entre conjuntos londrinos ficou marcado pelo avião que ficou a sobrevoar vários minutos o Selhurst Park com a inscrição “Expulsem os violadores do relvado”, numa manifestação organizada pelo grupo feminista Level Up com adeptos do Arsenal pela denúncia de uma alegada violação que deu muito que falar em Inglaterra apesar de o suspeito e a respetiva equipa nunca terem sido oficialmente identificados.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

De resto, e sem grandes destaques individuais, o foco acabou por ser mesmo Mikel Arteta, técnico que foi o segundo da história do Arsenal a precisar de menos jogos para alcançar a vitória 50 (98), apenas atrás do mítico Arsène Wenger que marcou uma era no clube ao longo de mais de duas décadas. E o jogo acabou com os adeptos dos gunners a cantarem “Estamos no topo da liga”. Dúvida: por quanto tempo?

O jogo até começou com o Arsenal a confirmar tudo aquilo que se esperava e a falhar de forma clamorosa a oportunidade de inaugurar o marcador logo a abrir por Gabriel Martinelli, a receber uma bola na área mais descaído sobre a esquerda mas a atirar ao lado da baliza de Guaita (4′). Com grande envolvimento dos dois laterais à mistura, sobretudo Zinchenko pela esquerda a permitir que o ala jogasse mais dentro, a equipa visitante tinha o domínio completo da partida e chegou mesmo à vantagem nos 20 minutos iniciais, num canto bem trabalhado com bola ao segundo poste para um Zinchenko sem marcação antes da assistência para o lado contrário onde Martinelli, na pequena área, marcou o primeiro golo da Premier League.

O encontro estava de feição para os gunners, que conseguiam dominar o meio-campo e dar asas depois à criatividade do tridente Saka-Gabriel Jesus-Martinelli, mas o passar dos minutos acabou por adormecer essa capacidade de esticar o jogo com qualidade até ao último terço, o que permitiu que o Crystal Palace fosse acreditando que era possível ainda reentrar na partida. Aliás, e ainda antes do descanso, as duas oportunidades pertenceram aos visitados, com Ramsdale a travar o remate de Odsonne Édouard (42′) antes de nova tentativa do francês após assistência de Jordan Ayew que falhou também o alvo.

Arteta teria de fazer algo para a equipa voltar a agarrar no domínio de jogo mas um tiro de meia distância de Jeffrey Schlupp acabou por dar o mote para o crescimento anímico de um Crystal Palace de quando em vez demasiado trapalhão e individualista na hora de visar a baliza contrária que teve outra boa chance para empatar por Eberechi Eze que voltou a encontrar o melhor Ramsdale na baliza. Assim, o 1-0 arrastou-se com o passar dos minutos até ao lance de felicidade para o Arsenal que decidiu a partida, com Saka a receber na direita, a cruzar tenso e a ver o central Marc Guehi desviar para a própria baliza (85′).