O Bloco de Esquerda do Porto exprimiu este domingo “profundo pesar” pela morte da poetisa Ana Luísa Amaral, lembrando a também investigadora que morreu na sexta-feira, aos 66 anos, como uma “cidadã empenhada em causas da igualdade e solidariedade”.

Em comunicado enviado à agência Lusa, o Bloco de Esquerda recorda que Ana Luísa Amaral foi a primeira candidata na lista dos bloquistas no Porto, nas eleições autárquicas de 2013, tendo sido eleita para a Assembleia Municipal daquele concelho.

“Naquele órgão autárquico, as suas intervenções, a sua palavra, foram sempre em defesa da cidade, pela liberdade e pela democracia, tendo renunciado ao mandato quando as crescentes solicitações para a sua participação em congressos e outros eventos literários no estrangeiro impossibilitaram a sua presença nas reuniões daquele órgão autárquico”, descreve a concelhia bloquista do Porto.

A poetisa Ana Luísa Amaral, recentemente galardoada com o Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero-Americana, morreu na sexta-feira, aos 66 anos, disse no sábado a Universidade do Porto (UP).

Em comunicado, a UP avançou que a poetisa “faleceu durante a noite de sexta-feira, dia 05 de agosto, vítima de doença prolongada”.

A concelhia do Porto do Bloco de Esquerda recorda que a também docente na Faculdade de Letras da Universidade do Porto era “para além de académica distinta, uma cidadã empenhada em causas da igualdade e solidariedade”.

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Ana Luísa Amaral foi coautora do “Dicionário de Crítica Feminista” e orientou a edição anotada das “Novas Cartas Portuguesas”.

Expressando condolências à família e amigos, o Bloco de Esquerda recorda a escritora como uma mulher “dotada de grande coragem cívica” e considera que esta é uma “grande perda para a poesia e literatura portuguesas”.

Nascida em Lisboa, em abril de 1956, a escritora e professora universitária Ana Luísa Amaral, tradutora de romancistas e poetas, vivia em Leça da Palmeira desde os 9 anos e recebeu múltiplas distinções ao longo da carreira, estando, entre as mais recentes, o Prémio Vergílio Ferreira, da Universidade de Évora, o galardão espanhol Leteo, da Direção de Ação e Promoção Cultural de Leão, e o Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero-Americana, atribuído pelo Património Nacional de Espanha e a Universidade de Salamanca, que reconhece o contributo significativo de uma obra poética para o património cultural deste universo.

Ana Luísa Amaral, “uma das mais relevantes poetisas da atualidade”, aborda, na sua obra, traduzida para diversas línguas, “a memória e vindicação do feminismo português”, destacou o júri do prémio Vergílio Ferreira 2021, presidido pelo espanhol Antonio Sáez Delgado, que considerou a escritora “uma das mais importantes vozes das letras portuguesas das últimas três décadas”.

Há dois anos, a associação das Livrarias de Madrid deu o prémio de Livro do Ano, na área de Poesia, à edição espanhola de “What’s in a name”, da escritora portuguesa.

Doutorada em Literatura Norte-Americana pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, onde foi professora, Ana Luísa Amaral soma dezenas de títulos de poesia publicados, desde “Minha Senhora de Quê” (1990), além de já ter escrito teatro, ficção e vários livros para a infância.

Este ano, a sua obra poética foi reunida em “O Olhar Diagonal das Coisas”, incluindo os mais recentes “Sopros”.

A obra de Ana Luísa Amaral encontra-se traduzida e publicada em várias línguas e países, tendo obtido numerosas distinções, como o Prémio Literário Correntes d’Escritas, o Premio Letterario Poesia Giuseppe Acerbi e o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores.

A sua obra é editada em Portugal pela Assírio & Alvim.

Em 28 de julho foi anunciado que a Feira do Livro do Porto, que decorrerá entre 26 de agosto e 11 de setembro, nos Jardins do Palácio de Cristal, vai celebrar a poeta e tradutora Ana Luísa Amaral, e terá como mote “Imaginar e Agir”.