O ex-ministro da Defesa ucraniano, Mikhailo Yezhel, foi acusado de alta traição pelo seu papel num acordo para estender a permanência da Marinha russa na Crimeia, em 2010, divulgou esta segunda-feira o Departamento de Investigação do Estado (SBI) da Ucrânia.

Yezhel, que também foi comandante-chefe das forças navais ucranianas, aprovou em 2010 os documentos necessários para a implementação dos “Acordos de Kharkiv”, assinados pelo chefe de Estado ucraniano da altura, Viktor Yanukovych, e o seu homólogo russo, Dmitri Medvedev.

A aprovação “criou condições para a extensão da permanência da frota russa do Mar Negro em território ucraniano durante mais de 25 anos”, referiu o SBI em comunicado.

A permanência russa contribuiu, por sua vez, para o aumento de equipamentos e pessoal na Crimeia, em vez de sua redução e retirada, conforme previsto num acordo bilateral assinado em 1997, acrescentou a organização.

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No âmbito do acordo, o consórcio russo de gás Gazprom concordou em fornecer gás à Ucrânia a preços subsidiados, tendo a oposição acusado Yanukovych de “trair os interesses nacionais”.

A justiça ucraniana já determinou, em outubro, a prisão do ex-primeiro-ministro Nikolai Azarov, no mesmo caso, em que os ex-ministros dos Negócios Estrangeiros e da Justiça também são acusados.

Yezhel, procurado pelas autoridades ucranianas desde 2016 pela venda de dois caças bombardeiros à Rússia durante o seu mandato como ministro da Defesa, obteve o estatuto de refugiado na Bielorrússia em 2018.

No início de 2019, a justiça ucraniana condenou Yanukovych a 13 anos de prisão por alta traição e cumplicidade na agressão militar russa.