A União Europeia, coordenadora das conversações de Viena sobre o programa nuclear iraniano, submeteu um “texto final” que Teerão diz estar a examinar, e aguarda uma conclusão “em algumas semanas”, indicou esta segunda-feira um responsável europeu.
Trabalhámos quatro dias e hoje o texto está na mesa dos altos representantes”, declarou aos media sob anonimato. “A negociação terminou, é o texto final (…) e não será renegociado”.
Após um bloqueio de diversos meses, os diplomatas do conjunto das partes (Irão, Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha) regressaram a Viena na passada quinta-feira com o objetivo de recuperar o moribundo acordo de 2015.
O pacto, designado Plano de Ação Global Conjunto (JCPOA, na sigla em inglês) destina-se a garantir o caráter civil do programa nuclear iraniano, acusado de pretender possuir a arma atómica apesar dos desmentidos de Teerão.
Teerão está envolvido há mais de um ano em negociações diretas com a Alemanha, França, Reino Unido, Rússia e China, e com os Estados Unidos indiretamente, para relançar o acordo.
As negociações de Viena destinam-se a fazer regressar os Estados Unidos a este acordo, do qual se retiraram unilateralmente em 2018 durante a administração de Donald Trump, em particular através do levantamento das sanções contra o Irão e de garantias do pleno respeito de Teerão pelos seus compromissos.
“Agora a bola está do lado das capitais e veremos o que se irá passar”, acrescentou o responsável europeu.
Ao insistir na “qualidade do texto”, disse “esperar vivamente que seja aceite” e que seja possível um acordo “nas próximas semanas”.
No entanto, permanece por solucionar um importante obstáculo, após o Irão ter exigido à Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) o encerramento da questão dos locais não declarados onde foram detetados vestígios de urânio enriquecido.
“Essa questão não tem a ver com a JCPOA. Ao mesmo tempo, o Irão diz que é fundamental. Espero que o Irão e a AIEA garantam um acordo porque isso facilitaria muitas coisas”, declarou o responsável, citado pela agência noticiosa AFP.
A agência deverá solucionar totalmente a questão (…) pela via técnica, e afastar-se das questões políticas não pertinentes e não construtivas”, afirmou no domingo ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Hossein Amir-Abdollahian.
O acordo de 2015 concedeu uma suavização das sanções ao Irão em troca de restrições ao seu programa nuclear, para garantir que Teerão nunca poderia desenvolver uma arma nuclear, o que sempre negou pretender.
No entanto, após a retirada unilateral dos Estados Unidos e a reimposição de severas sanções económicas a Teerão, o Irão também começou a não respeitar os seus compromissos e iniciou uma aceleração gradual do seu enriquecimento de urânio.
A última medida do Irão ocorreu na segunda-feira passada, quando começou a injetar gás a 500 centrifugadoras avançadas, em reação às recentes sanções dos Estados Unidos contra seis companhias asiáticas por terem facilitado exportações de petróleo iraniano.
O atual Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou após a sua tomada de posse pretender um regresso ao acordo, mas as conversações estão num impasse desde março, quando as partes envolvidas pareciam estar perto de um compromisso.