Agora é conhecida como princesa Delphine. Mas até lhe ser concedido o título, em outubro de 2020, a filha ilegítima do rei emérito Alberto II dos belgas teve de lutar durante anos. A princesa conta a sua história numa entrevista à edição de setembro da revista Tatler, cujo site divulga um breve teaser da mesma.

Foi com uma biografia não autorizada da rainha Paola (mulher do rei Alberto II) lançada em 1999 que o público ficou a saber da existência de Delphine. Até aos 17 anos acreditou que o pai era o marido da mãe, Jonkheer Jacques Boël, um industrial rico, mas nessa altura ficou a saber que o seu verdadeiro pai era o rei Alberto II, com quem a mãe teve uma relação durante 18 anos, conta a revista. Até então tinha uma relação amistosa com o rei, mas a partir daí conta que este lhe ligava e gritava “Não és minha filha!”.

“Fiquei surpreendida. Foi surreal e muito perturbador, especialmente porque o estive a proteger durante esses dois anos, a viver de forma bastante desconfortável… Não se tem uma criança e depois como que… se chuta… Ele deixou-me como um pedaço de carne entregue aos cães.”Assim descreveu Delphine o que sentiu quando o rei cortou relações com ela assim que se tornou do conhecimento público que era sua filha ilegítima, contando que hoje o cenário é distante desse tempo e que o pai até lhe envia “flores no dia de aniversário”.

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Em 2013 o rei Alberto II abdicou e o filho, o príncipe Philippe, tornou-se o novo rei dos belgas. Este foi um momento de mudança na vida de Delphine. “Por essa altura, eu pensei: ‘Não gosto mesmo de ti. E vou ter de lutar pela minha vida, agora é a minha vez e dos meus filhos. O nosso futuro. Chega de mentiras. Esta história tem de ser revelada.’ E depois?”, disse a princesa à revista britânica. Durante 7 anos Delphine tentou provar que era filha do rei. Diz ter sido gozada e atormentada pela imprensa, mas agora afirma que já se sente aceite. “Sou vista como muito autêntica e generosa com as minhas instituições de caridade… Acho que me comparam com a princesa Diana porque me veem um pouco como uma princesa do coração.”

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Em 2019 o rei viu-se obrigado pela Justiça a fazer um teste de ADN e em janeiro do ano seguinte o resultado mostrou que era, de facto, pai de Delphine. Em outubro de 2020 foi-lhe concedido o título de princesa, assim como aos seus dois filhos. E assim abriram-se também portas para uma aproximação à família real. Atualmente, a relação entre ela, o pai e os meios irmãos é “mais harmoniosa”, descreve a Tatler. “Soube muito bem. Não havia dúvida que ele era meu pai. Estando perto dele, eu senti isso. Foi como se nada tivesse acontecido. Foi muito estranho. Ele tem um sentido de humor brilhante. Ele é um tipo muito tranquilo e tão interessante. Ele viajou muito. É por isso que é tudo tão triste.” Diz Delphine sobre o primeiro encontro depois de ter ganho o caso.

O rei Alberto II e a rainha Paola têm três filhos: o atual rei Philippe, a princesa Astrid e o príncipe Laurent. Philippe e Mathilde são os reis dos belgas desde 21 de julho de 2013. Delphine é artista plástica e tem 54 anos. A nova princesa estreou-se nas suas funções reais a 21 de julho de 2021, precisamente no Dia Nacional da Bélgica.

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