Patricia Schlesinger renunciou ao cargo de presidente da emissora pública alemã ARD e ao cargo de diretora da RBB após ser acusada de utilizar dinheiro da taxa de licença de televisão para financiar os seus gastos luxuosos. A RBB é uma das nove emissoras públicas regionais que compõem a ARD.

A jornalista sénior é acusada, segundo o The Telegraph, de ter feito “orgias de gastos”, incluindo cobrar à entidade empregadora pelas festas privadas que dava em sua casa, andar num Audi no valor de 145 mil euros e ter um motorista privado.

As alegações feitas contra Patricia Schlesinger indicam que a mulher, que recebia um salário anual de cerca de 307 mil euros, terá também gasto cerca de 650 mil euros na remodelação do seu escritório, onde colocou duas cadeiras de massagem e chão italiano — ao mesmo tempo em que a emissora cortou nos custos de programação e despediu funcionários.

O Ministério Público de Berlim confirmou, de acordo com o Hollywood Reporter, que abriu uma investigação sobre as alegações de que a jornalista sénior desviou fundos da emissora pública alemã para apoiar o seu estilo de vida luxuoso, bem como o do seu ex-marido.

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As suspeitas de que aquela que era considerada, até domingo, a mulher mais poderosa dos meios de comunicação da Alemanha utilizou fundos públicos para financiar os seus luxos não agradaram os opositores da taxa de licença de televisão. Isto porque Patricia Schlesinger foi a principal responsável pelo aumento do preço da taxa em 2021.

A falta de pagamento da taxa de licença de televisão na Alemanha pode levar a uma sentença de prisão. Os 18 euros pagos pelas famílias nesse país são incluídos nos orçamentos das emissoras públicas e gastos em reportagens consideradas imparciais.

As duas emissoras públicas da Alemanha são as mais bem financiadas do mundo — com um orçamento anual combinado de mais de 8 mil milhões de euros. Em Portugal, a ARD e ZDF equivalem à RTP, com as famílias portuguesas a também terem de pagar uma taxa de licença de televisão.

Na carta de demissão, Patricia Schlesinger negou as acusações e disse estar a ser vítima de uma “campanha de difamação”. A RBB terá, segundo o The Telegraph, pedido a um escritório de advocacia para avaliar se os gastos feitos eram legais.

“Pelo presente (…) renuncio à continuação do meu emprego”, escreveu, segundo o alemão Bild. “As acusações pessoais e a difamação atingiram um nível que torna pessoalmente impossível para mim continuar no cargo”, acrescentou na carta enviada à administração da RBB.