O primeiro-ministro japonês Fumio Kishida anunciou esta quarta-feira uma remodelação do Governo, incluindo um novo ministro da Defesa, numa altura que o executivo enfrenta uma polémica em torno das ligações políticas de um grupo religioso.

Shinzo Abe foi assassinado em 8 de julho por um homem que, segundo a polícia, confessou ter matado o antigo primeiro-ministro devido a rumores que o associavam à Igreja da Unificação.

Na semana passada, Kishida anunciou que iria pedir a todos os ministros que esclarecessem possíveis ligações com este grupo religioso, também conhecido como “seita da lua”.

O primeiro-ministro decidiu mudar 14 dos 19 cargos principais do seu executivo, incluindo a substituição do ministro da Defesa, Nobuo Kishi, irmão de Shinzo Abe, oficialmente por motivos de saúde.

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Kishi revelou que membros da Igreja da Unificação tinham servido como voluntários nas suas campanhas eleitorais.

O sucessor é Yasukazu Hamada, 66 anos, que já ocupou o cargo em 2008-2009, e irá agora ter de lidar com as tensões em torno de Taiwan, a ameaça nuclear da Coreia do Norte, o impacto da guerra na Ucrânia e apelos do Partido Liberal Democrático (PLD, atualmente no poder), para a duplicação do orçamento da defesa para 2% do Produto Interno Bruto (PIB) japonês.

Taro Kono, antigo ministro da Defesa e Negócios Estrangeiros, regressa também ao governo para o Ministério dos Assuntos Digitais, após ter perdido para Fumio Kishida a corrida à liderança do PLD, em setembro.

Katsunobu Kato, que anteriormente chefiou o Ministério da Saúde, Trabalho e Assuntos Sociais, está de volta ao cargo pela terceira vez.

Sanae Takaichi, uma colaboradora próxima de Shinzo Abe, conhecida pelas suas posições ultranacionalistas, foi nomeada para a tutela Segurança Económica.

Takaichi e Keiko Nagaoka, a nova ministra da Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia, são as duas únicas mulheres no novo governo de Kisihida, uma a menos do que quando o mandato começou.

O primeiro-ministro japonês também nomeou o ex-chefe de revitalização económica e resposta à pandemia, Yasutoshi Nishimura, como o novo ministro da Economia, Comércio e Indústria.

O PLD obteve uma vitória esmagadora na votação para o senado japonês em julho, dando a Fumio Kishida um período de três anos sem grandes eleições.

O primeiro-ministro viu sua popularidade cair, no entanto, de acordo com várias pesquisas recentes, devido à subida da inflação, uma nova onda de infeções por Covid-19, crescentes tensões militares na região e a polémica em torno da Igreja da Unificação.