O chanceler alemão, Olaf Scholz, recusou esta quinta-feira responsabilidades num escândalo bancário ocorrido enquanto era autarca de Hamburgo e também que o banco Warburg tenha exercido qualquer tipo de “influência política”.

Não há absolutamente nenhuma indicação de que tenha sido exercida influência política”, disse Scholz numa conferência de imprensa focada na guerra na Ucrânia e na crise de energia precipitada pelo conflito, mas onde foi repetidamente questionado sobre o seu envolvimento no caso do banco Warburg.

Scholz, que a 19 de agosto deve comparecer pela segunda vez perante uma comissão do parlamento local em Hamburgo que investiga este caso, sublinhou que sempre esteve disponível para esclarecimentos.

Chanceler alemão Olaf Scholz ameaçado por escândalo bancário ligado ao passado

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Nos dois anos em que este caso foi investigado, nunca apareceu o menor indício de influência política”, afirmou, diante de sucessivas questões sobre o assunto.

A questões sobre alegadas reuniões que teve com executivos do banco Warburg em 2016 e 2017, quando era autarca de Hamburgo, Scholz disse não ser “das pessoas que fazem coisas desse tipo”.

Em 2016, depois de uma série de encontros entre dirigentes da instituição e do SPD, as autoridades financeiras da cidade portuária renunciaram à devolução de 47 milhões de euros que este banco tinha obtido através de transações irregulares.

Vários títulos da imprensa alemã, entre os quais o Der Spiegel, noticiaram na quarta-feira que o Warburg doou, pelo menos, 45 mil euros ao Partido Social-Democrata (SPD, na sigla em alemão) de Hamburgo.

A maior parte do montante terá sido recebido por Johannes Kahrs, ex-deputado do SPD que dirigia uma organização local de Hamburgo em 2016, quando Scholz era presidente da autarquia.

Cerca de 214 mil euros em numerário encontrados num cofre pertencente a Kahrs poderão, segundo os meios alemães, estar relacionados com o escândalo do Warburg.

Scholz já negou que, enquanto autarca, tenha tido qualquer influência na decisão das autoridades financeiras.

A Der Spiegel escreveu que não há qualquer prova de que o dinheiro encontrado no cofre esteja relacionado com o caso do banco Warburg.

Segundo apontamentos do proprietário do banco, Christian Olearius, foi Kahrs que intermediou, em 2016 e 2017, os seus encontros com o então autarca e atual chanceler.

Kahrs ainda não se pronunciou sobre a origem do dinheiro.

Outros meios informaram esta semana que a procuradoria de Colónia (oeste), que colabora no esclarecimiento do caso, ordenou em março a inspeção da conta de correio eletrónico de Scholz dos seus tempos de autarca.

A uma pergunta de um jornalista sobre o referido banco ter sido autorizado a guardar “dinheiro roubado”, Scholz reagiu com uma recusa veemente, desafiando o seu interlocutor a pensar antes de formular “afirmações que não poderá provar, caso seja necessário”.