Foi emitido um alerta laranja para calor extremo na metade sul de Inglaterra e em áreas no este do País de Gales. Este alerta vai durar desde o início desta quinta-feira até ao final de domingo, pelo menos, de acordo com o Met Office, a agência de meteorologia britânica.

No resto da Europa ocidental e central a situação não se prevê muito melhor: as temperaturas em França vão voltar a exceder os 40ºC em algumas localidades, com as regiões a oeste/sudoeste em alerta laranja, e na Alemanha, Bélgica e Países Baixos, por exemplos, haverá regiões a ultrapassar os 30ºC.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Além disso, a seca vai continuar. Depois de um inverno menos chuvoso do que o habitual e de uma primavera também bastante seca, a humidade atmosférica e do solo está abaixo do que seria previsível para esta época do ano em quase todos os países europeus.

Rob Thompson, do departamento de Meteorologia da Universidade de Reading (Reino Unido), ilustra com uma pequena experiência a incapacidade de os solos demasiados secos absorverem a água numa chuvada.

Temperaturas altas, secura extrema e, por vezes, ventos fortes, aumentam o risco de incêndio. Inglaterra está em alerta, com o risco de incêndio muito alto ou excecional e o receio de que as zonas mais rurais, semi-urbanas e mesmo habitações sejam atingidas este fim de semana (à semelhança do que aconteceu na onda de calor de julho).

Neste momento, estão proibidos os churrascos, fogueiras e lanternas. Os eventos de fogo-de-arfício foram cancelados, é proibido fumar nos campos de golfe e os foguetes nos casamentos foram banidos, reporta o jornal The Telegraph.

O risco de incêndio em Inglaterra e no País de Gales é muito alto, em algumas zonas é extremo

O risco de incêndio em Inglaterra e no País de Gales é muito alto, em algumas zonas do sul de Inglaterra é excecionalmente alto

Em França, um incêndio na região Girone, a sudoeste do país, voltou a atingir uma zona que já tinha sido muito destruída com os incêndios de julho deste ano, quando 20.000 hectares de floresta arderam e 40.000 pessoas foram retiradas das suas casas. Agora, já arderam outros 15.000 hectares — 6.000 hectares só numa noite — e 10.000 pessoas tiveram de sair daquela zona.

Dias extremamente quentes e noites tropicais nas ilhas britânicas

Os termómetros o Reino Unido foram subindo desde o início da semana graças à presença de um sistema de altas pressões (como um anticiclone) estacionado sobre as ilhas britânicas.

Sexta-feira e sábado serão os dias mais quentes, a ultrapassar os 30ºC nas regiões sob alerta laranja, mas não serão tão quentes como as da onda de calor de julho, quando se ultrapassaram pela primeira vez os 40º C.

Europa pode ter a onda de calor mais intensa desde 1757. Inglaterra, França e Alemanha também vão chegar aos 40ºC

As restantes regiões do Reino Unido não estão sob alerta laranja, mas também não estão livres de sentirem os efeitos desta nova onda de calor, com muitos locais a chegar perto dos 30ºC — mesmo na Irlanda do Norte e Escócia, normalmente mais frescos e húmidos.

Além das temperaturas anormalmente altas durante o dia, o sul de Inglaterra também enfrentará noites tropicais, como as temperaturas mínimas a não descerem dos 20º C.

A onda de calor também levou a Agência de Segurança de Saúde britânica a emitir, para Inglaterra, um alerta de nível 3 (laranja), de uma escala de 4. O objetivo com este alerta de calor é que os profissionais de saúde se preparem para as complicações que podem surgir por causa das temperaturas extremas, sobretudo relacionadas com problemas respiratórios e cardiovasculares.

Os idosos e as crianças são os grupos que correm um maior risco por causa do calor, mas todas as pessoas podem sofrer com desidratação, fadiga, naúseas e queimaduras solares. O Met Office alerta também que os animais de companhia são particularmente sensíveis às temperaturas altas.

Em França, foi criado um número verde para onde as pessoas podem ligar para obter aconselhamento sobre como se protegerem dos efeitos das temperaturas altas.

No Reino Unido, pessoas são ainda aconselhadas a planearem as viagens de acordo com previsão meteorológica, a mudarem as rotinas de trabalho e a acautelarem os perigos relacionados com as zonas balneares ou com os incêndios. Em risco estão ainda os transportes e o abastecimento de água e energia.

“Quando me vires, chora”. A pedra da fome à vista, a nascente do Tamisa a 8km e rios sem água: a seca está a afetar toda a Europa